esta é a terceira parte do artigo intitulado Perseguição e missão, escrito por Thomas Schirrmacher para Lausanne World Pulse. Leia a primeira e a segunda parte.
Em nenhum lugar os cristãos serão encorajados a buscar a perseguição ou o martírio. Nem a perseguição, automaticamente, levará a igreja a crescer ou a alcançar uma fé mais forte e pura. Esse é o contraste com aqueles que justificam sua autodestruição (como os homens-bomba) com base na crença religiosa.
A experiência da Igreja alemã sob o Terceiro Reich e sob o comunismo não a levou a uma reflexão mais intensa sobre a perseguição e nem a um reavivamento ou crescimento da Igreja. Mesmo quando a perseguição é proveitosa, seu resultado nunca é automático; ao contrário, sempre se dá devido à soberana graça de Deus.
A parábola de Jesus a respeito do semeador (Mt 13.3-8,20-22) identifica a riqueza e o egoísmo como fatores tão perigosos à fé quanto a perseguição e a opressão.
Os cristãos ocidentais tendem a exaltar a perseguição e os cristãos sob perseguição tendem a exaltar a liberdade e a riqueza. A fé de um sofre com a perseguição e a opressão, a do outro é sufocada pelas preocupações do mundo e pelo engano da riqueza. Mais ainda, no ocidente, a perseguição vem de formas mais ampla do que o abuso físico. Dessa maneira, os cristãos são perseguidos no trabalho por manter valores cristãos, os que tomam posição contra o secularismo se expõem ao ridículo e ao abuso.
A Igreja é chamada para ajudar e apoiar tais cristãos, assim como aqueles que claramente têm sofrido oposição física.
É um fato infeliz da história eclesiástica que a perseguição possa também gerar conflitos e divisão entre os cristãos.
Um terrível exemplo contemporâneo, que pode muito bem mostrar isso, aconteceu na Coréia, quando os governadores japoneses (1910-1945) exigiram que todos os coreanos se prostrassem diante de um santuário Shinto para honrar o imperador japonês e o deus sol.
Depois de muita resistência, em 1937 e 1938, a maior parte dos grupos cristãos se rendeu à intolerante e crescente coerção, mas estavam grandemente divididos (principalmente os presbiterianos) no que dizia respeito ao significado da cerimônia exigida: era um rito religioso ou apenas uma formalidade cultural? Sessenta anos depois, o problema ainda permanece sem resolução, e a brecha é ainda evidente, mesmo que o fator original tenha ocorrido há tanto tempo.
Sobre o autor
Dr. Thomas Schirrmacher é professor de ética e sociologia da religião na Alemanha e na Turquia. Ele também é presidente do Seminário Teológico Martin Bucer, representante de direitos humanos da Aliança Evangélica Mundial e diretor do Instituto Internacional da Liberdade Religiosa (Bonn, Cidade de Cabo, Colombo).
Schirrmacher tem quatro doutorados (teologia, antropologia cultural, ética, e sociologia da religião).
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