A banda Oficina G3 é considerada a maior banda brasileira de rock cristão na atualidade. O termo “gospel” tem as suas origens na língua inglesa, e deriva de “God-spell”, que significa “boas novas”.
A expressão é uma alusão à chegada de Cristo ao mundo, e disseminou-se na comunidade protestante negra americana, no começo do século passado. A origem deste estilo musical está nas músicas carregadas de tristeza cantadas por escravos negros norte-americanos ainda no século XIX. O estilo ganhou força entre os frequentadores de igrejas protestantes negras nos EUA, no começo do século XX.
Cem anos depois, o termo abrange numerosos géneros musicais cuja característica comum é o conteúdo das letras, que tratam de temas religiosos sob a óptica cristã protestante. Segundo a professora Magali do Nascimento Cunha, da Universidade Metodista de São Paulo, “nos anos 2000, a música gospel, nos EUA e no Brasil, passa a ser sinônimo de música contemporânea cantada nas igrejas”.
Magali, que concluiu em 2004 o seu doutoramento sobre o fenómeno gospel no Brasil, aponta que, nos últimos dez anos, houve um aumento significativo do número de bandas existentes no Brasil. Os géneros musicais usados pelos grupos também se diversificaram. Segundo ela, esta expansão acontece por duas razões: “Por um lado, houve um aumento significativo do controle de meios de comunicação por parte de grupos evangélicos. Por outro, nos últimos quinze anos, os cristãos se tornaram um segmento de mercado, que atraiu numerosas empresas, entre elas, várias do mercado fonográfico, que no Brasil é o mais aquecido”, explica.
Atualmente, o segmento da música gospel é o segundo que mais vende no Brasil, atrás apenas do pop-rock, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Disco (APBD), que reúne as maiores companhias fonográficas brasileiras. Em 2005, último ano em que há dados disponíveis, as vendas de discos gospel movimentaram cerca de 15 milhões de euros, quase oito por cento do total de 224,8 milhões de euros gerados pela venda de discos no país. Em 2006, segundo a mesma associação, a venda em geral caiu quase 28% no país, por causa da pirataria. Acredita-se, no entanto, que o mercado gospel tenha sido o menos afectado.
Para Magali, o fenómeno de abertura das igrejas a novos géneros musicais “é bastante interessante porque, na história das igrejas evangélicas, havia um fechamento grande à cultura brasileira. Existia uma forte influência estrangeira. Hoje, no entanto, eu já conheci, em Porto Velho, uma banda de frevo gospel”, exemplifica.
A pesquisadora acredita também que a principal razão para esta abertura é a necessidade percebida pelas igrejas de atrair jovens para os cultos. “Muitas igrejas encontraram, na música, um modo de conquistar fieis jovens, que se encontravam distantes do mundo evangélico porque sempre houve uma ideia de que aquele era um mundo muito restrito”, argumenta.
No Brasil, esta nova configuração da música cristã começa nos anos 80, quando Estevam Hernandes Filho, líder da Igreja Renascer, cria o selo Gospel Records. Nessa mesma época, surgem no cenário nacional as bandas Oficina G3, Katsbarnea, Resgate e Fruto Sagrado, que são as primeiras a misturar rock e outros géneros musicais com letras de cunho evangélico.
A Oficina G3 é considerada a maior banda brasileira de rock cristão na atualidade, vencedora por duas vezes do prêmio Grammy para Melhor Álbum de Música Cristã em Língua Portuguesa pelo trabalho “Elektracustika” (lançado em 2007) e por “Além do que os Olhos Podem Ver” (de 2005).
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