Em julho de 2005 um integrante da equipe da Portas Abertas Internacional visitou Israel e a Cisjordânia e trouxe o seguinte relato sobre o ministério de reconciliação Musalaha:
"Estou sentado numa igreja em Ramallah, uma grande cidade, perto de Jerusalém. O culto de Natal das crianças encerrou-se neste momento e elas estão correndo para fora, com os olhos brilhando de excitação. Comigo está uma senhora cristã, palestina de meia idade. Sua seriedade e um leve ar de desconfiança são um contraste completo com os gritos e risos no pátio. Mas, de ímpeto, Selwa está ansiosa para falar...
"Tenho um filho adolescente chamado Simon. Durante a intifada ele foi espancado por soldados israelenses. Um dia ele viajou comigo para a Jordânia. Quando viu os soldados jordanianos, ficou com medo e reagiu mal, porque eles o faziam lembrar-se dos soldados israelenses. Ele foi para os Estados Unidos para estudar, mas deixou a universidade porque tinha muitos problemas emocionais. Fico muito preocupada com minha família, e de como as lutas a têm afetado..."
Dois dias depois, vi-me tomando café com Cindy, uma judia messiânica. Ela é moderada mas, de igual forma, gosta de discutir os problemas que existem para ela, uma israelita que vive em Jerusalém. "Nunca sei onde vai explodir a próxima bomba. No último verão, aqui do meu escritório, pudemos ouvir a explosão do mercado feita pelo suicida. O prédio todo tremeu. Sempre, no fundo da mente, você pensa que é o próximo. Vemos com frequência soldados na rua principal, fora deste prédio, inspecionando objetos suspeitos que podem ser bombas."
Por detrás das duas histórias está o lamento de muitos milhares de mulheres palestinas e judias. A agonia de anos vividos em tormento e opressão. O medo, a frustração e o claro desespero de viver numa situação para a qual não parece haver solução fácil.
Território desconhecido
Mas, nem Selwa nem Cindy constituem exemplo típico de pessoas ao seu redor. Ambas decidiram entrar em território desconhecido para se reunirem com mulheres "do outro lado". No final de novembro de 1997, elas foram a uma conferência organizada pelo movimento cristão de reconciliação "Musalaha". Salim Munayer, o fundador do Musalaha, explica: "Com frequência, muito da hostilidade entre palestinos e israelitas surge do medo. A maioria das pessoas nunca teve qualquer contato significativo com alguém do outro lado. Nosso objetivo é juntar os cristãos dos dois lados e quebrar as barreiras de hostilidade e desconfiança pelo estudo da nossa fé em Cristo e as decorrências dela para as nossas relações neste país".
Trata-se de um processo difícil para os envolvidos. Selwa disse-me: "Quando fiquei sabendo, de início, que haveria mulheres israelitas na conferência, fiquei apreensiva. Finalmente, decidi ir e falei para minhas vizinhas que estava indo. De início, elas não puderam entender por que eu iria querer fazer uma coisa dessas. Disseram-me que esse tipo de coisa é impossível e que não pode haver progresso em direção à paz."
Para Cindy, seu preconceito contra os árabes também era forte. Mas ela também estava determinada a superar seu ponto de vista pessoal. Enquanto conversávamos, percebi que, mesmo no ambiente de relativa tranquilidade dessa conferência, qualquer gesto em direção ao entendimento mútuo é incrivelmente difícil. Isto significa sair da zona de conforto e tornar-se vulnerável àqueles a quem se vê instintivamente como um "agressor."
"Todas falando e chorando"
Eu quis saber o que havia motivado Selwa a ir à conferência pela primeira vez. "Eu queria ir porque o Musalaha trata de dois lados diferentes e não apenas de um. Eu queria expressar meus sentimentos de preocupação com meus filhos." Ela contou o que aconteceu: "A primeira tarde, uma sexta-feira, foi de pouca importância.
Apresentamo-nos umas às outras e brincamos com alguns jogos para quebrar o gelo. Então, adoramos a Deus juntas e ouvimos uma palestra sobre a natureza da verdadeira amizade."
"No sábado, dividimo-nos em pequenos grupos e falamos sobre nossas mágoas - compartilhando nossas histórias pessoais e descrevendo como Deus havia nos ajudado em tempos de aflição. Depois de um breve intervalo, falamos em nosso pequeno grupo sobre alegria. Eu falei com mulheres israelitas - todas estávamos falando e chorando. Compartilhando nossas dificuldades. E, para mim, mais importante, dividindo nossas preocupações com nossas famílias. Vi que elas sofrem da mesma forma que eu - preocupando-se com o futuro dos filhos."
A conferência, de acordo com todos os relatos, foi um grande sucesso. Muitas das mulheres estavam ansiosas para se reunirem com mais frequência e ter mais contato com suas novas amigas. Mas, será que isso realmente significa alguma coisa? Como poderia uma iniciativa aparentemente tão pequena fazer qualquer diferença no distúrbio político desta parte do Oriente Médio? Teria provocado mudanças pelo menos nas pessoas que foram à conferência?
Selwa foi inflexível: "Antes da conferência, eu tinha muito medo de visitar uma mulher israelita em sua casa - agora não. Ela não é mais minha inimiga. Tenho falado às minhas vizinhas - aquelas que não acreditaram que eu fosse à conferência. Agora elas veem o que há de bom nela, e eu acho que dessa forma vai haver progresso para o futuro."
O Musalaha organiza muitas outras promoções para reunir cristãos palestinos e israelitas. Entre relatos entusiasmantes de pessoas que superaram fortes hostilidades e obtiveram a cura de anos de sofrimento e amargura, estão histórias tristes daqueles que não puderam dar nem mesmo esse passo em direção à paz.
No entanto, está claro que o Musalaha está quebrando fronteiras, de forma que o efeito que está surtindo é significativo. Salim Munayer está confiante que este trabalho pode fazer uma grande diferença ao seu país: "Precisamos ser pacientes e deixar Deus trabalhar nas pessoas que vão aos eventos. Devagar, devagar estamos vendo o impacto crescer e provocar o efeito dominó. Esse é o nosso objetivo e a nossa visão. Somente Deus pode realmente mudar os corações e curar a inimizade. E quando Ele age, as pessoas veem."
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