Durante as comemorações do Ramadã, numa sexta-feira, logo após o meio dia, muitos muçulmanos se reuniram em frente à casa de Aziz Naim Moussa, em Amreya, um bairro que fica em Alexandria, no Egito, assim que souberam que ele era cristão e que sua casa havia se transformado numa igreja. “Mais de 5 mil pessoas, incluindo idosos, crianças, homens e mulheres, começaram a gritar, ameaçando derrubar a minha casa”, disse Aziz, que mora em um prédio onde os dois últimos andares foram discretamente preparados para receber os cristãos ex-muçulmanos.
Embora os cristãos queiram viver em harmonia com a lei do país, é legalmente impossível a emissão de licenças para igrejas no Egito. “A igreja mais próxima fica a 5 quilômetros de distância, levando em consideração que o transporte é precário nessa região, o único refúgio para os cristãos é aqui mesmo”, reconhece ele. Alguns meios de comunicação de grande circulação, incluindo a Fox News, relataram que 80 casas de cristãos já foram incendiadas e saqueadas. As igrejas que tentam sobreviver nas aldeias são as mais atingidas pelos extremistas islâmicos. Aziz comentou que seu irmão mais novo, que também mora nas proximidades, teve seu apartamento destruído. Há relatos também de que muitas casas foram apedrejadas. “Já vimos mulheres e crianças entrando em pânico quando os militantes chegam com sua violência e gritando ‘Não queremos igrejas em Amreya’”, disse ele.
Segundo o cristão, a polícia estava presente durante a manifestação. “O chefe da polícia de Amreya estava lá, junto de outros oficiais superiores, enquanto o povo estava furioso. E parece que aquelas pessoas se sentiam amparadas pelos policiais. Eu fui atingido violentamente e estava sangrando, mas quando reclamei a um policial, ele chegou a dizer que eu merecia aquilo”. Depois de tudo, 19 cristãos foram levados em uma van, incluindo Aziz. A sentença chegou rápido: os cristãos foram acusados de erguer um edifício, sem a permissão das autoridades. “Todas as construções daquela periferia estão ali sem permissão alguma e isso nunca foi questionado por eles”, explicou.
Aziz pediu a um oficial para levá-lo até o hospital, pois sua cabeça sangrava muito, mas teve que permanecer na delegacia até meia noite. Depois que foi liberado, buscou socorro médico e levou alguns pontos. Ele, sua esposa grávida e seus quatro filhos ainda não puderam voltar para casa. “O delegado disse que só posso voltar quando eu optar por uma conciliação extrajudicial com meus adversários, mas eu defendo a justiça e quero um julgamento justo. Nós fomos atacados e nós somos as vítimas, não o contrário. Se a lei ainda significa alguma coisa no Egito, eu quero que ela funcione para nós, que também somos cidadãos egípcios”, desabafa o cristão. Mas, segundo seus próprios relatos, o delegado disse que a lei não poderá ajudar sua família. Assim como Aziz, há muitos cristãos enfrentando a perseguição no país e há muitos casos em que a justiça trabalha contra aqueles que decidem abraçar o cristianismo como sua nova fé.
Em suas orações, interceda pelos cristãos egípcios.
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