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Mulheres indianas estão traumatizadas com os ataques do Natal

ÍNDIA – Conclusões prévias de um estudo sobre a violência motivada por questões de gênero mostram que as mulheres vítimas dos ataques no Estado de Orissa, acontecidos no Natal do ano passado, ainda lutam contra o Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

O estudo, que está sendo conduzido por cristãos e liderado pelo doutor John Dayal, secretário geral do Conselho Cristão para Toda a Índia, registra casos de partos prematuros, abuso sexual e tentativa de estupro durante o período de violência que começou na véspera do Natal de 2007 e durou mais de uma semana no distrito de Kandhamal.

A violência, atribuída a extremistas do Vishwa Hindu Parishad (Conselho Mundial Hindu), matou, pelo menos, quatro cristãos e incendiou 730 casas e 95 igrejas.

De acordo com o estudo, pelo menos sete mulheres que foram vítimas dessa violência apresentam transtornos de ordem psicológica.

Sabita Digal, de 30 anos, moradora da vila de Barakhama, enlouqueceu depois de ter enfrentado os agressores de perto. No dia de Natal, uma quadrilha com cerca de 200 extremistas hindus atacou sua vila e incendiou casas de cristãos. Sabita fugiu para uma floresta juntamente com outros cristãos.

Ela desmaiou de medo e precisou ser carregada pelos outros até a floresta, onde ficou sem comida e remédios. O estudo informa que Sabita, cujo marido é pobre e desempregado, tem se comportado de maneira anormal desde então.

Da mesma maneira, uma freira de 65 anos, a Irmã Christa, e a de 30 anos, Anjali Nayak, do convento Monte Carmelo, em Balliguda, ainda apresentam ataques de ansiedade e depressão. O longo tempo de atendimento psicológico mostrou poucos resultados.

Uma quadrilha invadiu a igreja e a incendiou enquanto as freiras decoravam o local para o Natal. As duas mulheres, junto com outras, se esconderam em uma sala onde não conseguiam enxergar nada, senão uma espessa fumaça.

O tormento das lembranças

Apesar de todas as mulheres terem conseguido escapar, lembranças do ataque continuam a perturbá-las. Anjali, que foi transferida para um convento no distrito de Phulbani por se recusar a voltar ao convento em Balliguda, tem dificuldades para dormir. Muitas vezes grita no meio da noite, dizendo: “Eles vêm para nos matar”.

Da mesma maneira, as irmãs Siba, Hemanti Minz Rohini Pradhan e Jerina Kollammaparambil, todas do convento Monte Carmelo, em Phulbani, não foram capazes de voltar à sua rotina desde de que testemunharam os ataques ao convento.

Além disso, Sasmita Sualsing, uma órfã de 15 anos, moradora do convento e estudante, não consegue mais se concentrar em seus estudos desde que viu sua igreja ser vandalizada e incendiada pelos extremistas.

Dr. Dayal disse que lidar com esses casos será um desafio para a administração pública e o sistema Judiciário da Índia.

“Para os Sangh Parivar (movimento que abrange os grupos fundamentalistas hindus ligados ao Rashtriya Swayamsevak, que é o maior grupo fundamentalista hindu da Índia) a violência em razão de gênero, expõe totalmente seu respeito às mulheres, que parece ser na mesma medida em que se respeitam às leis – ou seja, nulo”.

Muitas vítimas continuam na selva, temendo novos ataques, enquanto centenas de cristãos que perderam suas casas continuam em campos de refugiados armados pelo governo.

Há muitos casos de tentativa de estupro durante os ataques que ainda não foram denunciados, segundo John Dayal.

“Mesmo as freiras sofreram abusos físicos nos ataques de Kandhamal”, disse o doutor ao Compass, acrescentando que pediu à Comissão Nacional para as Mulheres que investigasse os incidentes. Ele disse que mandaria um relatório detalhado para a Comissão de Justiça Basudev Panigrahi, que está investigando os ataques.

Pelo menos duas mulheres cristãs foram estupradas por extremistas Hindutva (nacionalista hindu) e não prestaram queixa à polícia, disse o Dr. John. Muitas vítimas não prestam queixa para não ficarem estigmatizadas. Entretanto, o estudo aponta vários casos de abuso contra mulheres.

Abuso contra mulheres 

No dia 25 de dezembro, um grupo de extremistas violentou Kumari Sonali Digal, uma menina cristã de 16 anos, da vila Barakhama. O incidente aconteceu em uma floresta perto da vila para onde os cristãos haviam fugido.

Enquanto fugia junto com outras meninas, um prego furou seu pé, que começou a sangrar. Kumari ficou para trás e teve que passar a noite sozinha. No dia seguinte, a menina decidiu ir até uma vila próxima para beber água. No caminho, um grupo de extremistas a viu e a violentou. Um dos garotos do grupo manchou sua testa de vermelho para marcar sua “conversão” ao hinduísmo.

No mesmo dia, outro grupo de invasores tentou violentar cinco mulheres, incluindo duas freiras e uma menina de 17 anos.

As cinco mulheres, as irmãs Sujata e Sitara Kujur, Jyosona Joni, Ranjita Digal e Padmini Pradhan; e Rajani Ekka, de 17 anos, estavam escondidas debaixo da escada do prédio do convento Monte Carmelo em Balliguda. Os extremistas tinham incendiado o edifício.

Apesar de estarem sufocando com a fumaça, as mulheres queriam esperar que os invasores fossem embora antes de saírem. Mas os homens estavam procurando por cristãos e as viram. Eles capturaram as mulheres e as agrediram, tentando violentá-las. Elas, porém, permaneceram juntas e conseguiram escapar.

Partos prematuros

De acordo com a pesquisa, pelo menos quatro mulheres cristãs deram à luz a bebês prematuros em condições infames, na floresta e sem nenhum atendimento médico, em meio ao frio de dezembro.

Jhunuta Digal, de 23 anos e grávida de oito meses, estava na casa do seu pai na vila de Barakhama no dia de Natal quando começaram os ataques. Seus pais não estavam em casa e a moça e o marido fugiram para salvar a vida. O casal acabou separado, devido ao caos que imperava.

A moça entrou em trabalho de parto na floresta de Penukupudi e deu à luz a um bebê prematuro naquela noite.

Da mesma forma, Muktimeri Parichha, de 26 anos, da vila de Ulipadar, também grávida de oito meses deu à luz a um menino.

Cedo no dia de Natal, os cristãos de Ulipadar fugiram para as montanhas de Panagadu como forma de escapar dos ataques. Eles permaneceram ali até o dia 28 de dezembro, sem água ou comida.

Durante esse período, Muktimeri deu à luz a um menino. Apesar de ter a família perto, a mulher não teve nenhuma assistência médica, nem mesmo uma faca. Uma pedra afiada foi usada para cortar o cordão umbilical.

Depois do parto, a família embrulhou o bebê em folhas, uma vez que estava muito frio e não havia roupas limpas.

Kumudini Nayak, de 26 anos, outra cristã da vila de Ulipadar, entrou em trabalho de parto em uma floresta na vila Turanipani, vizinha do distrito de Gajapati, a 10 quilômetros de Ulipadar, para onde havia fugido com a família. Um aldeão do local abrigou a mulher, mas ela também teve o bebê sem nenhuma assistência médica.

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Da mesma forma, Manimala Pradhan, de 27 anos, da vila de Bamunigam, deu à luz a seu bebê antes do tempo. Quando chegou a uma floresta próxima de onde mora com sua família, a mulher desmaiou de cansaço. Como não havia nada para mantê-la aquecida, a família a cobriu com folhas secas. Ela entrou em trabalho de parto e permaneceu sem comida e assistência médica por horas.

Fonte: http://noticias.gospelmais.com.br/mulheres-indianas-estao-traumatizadas-com-os-ataques-do-natal.html


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