À primeira vista, a aparência de David e Chely de Vinatea parece não ter mudado com o passar dos anos. A imagem do casal de cinco, seis anos atrás, é quase a mesma de apenas algumas semanas, quando eles desembarcaram no Brasil pela quarta vez. A não ser pela totalidade de cabelos e o bigode brancos, David conserva a mesma alegria de quando visitou igrejas brasileiras pela primeira vez – somente um ano após ter sido liberto da prisão. Chely também mantém seu jeito sorridente e um pouco mais contido que o marido.
Ambos são protagonistas de uma história que, mesmo contada e ouvida repetidas vezes, sempre traz novos aprendizados. “É um testemunho muito doloroso. Foi um tempo muito difícil em nossas vidas”, compartilha David com a equipe da Portas Abertas Brasil.
Ele foi coronel do exército do Peru em 1994, quando um grupo composto pelos dez melhores soldados da infantaria peruana foi enviado para uma missão no interior do país para enfrentar a guerrilha e os traficantes que tentavam avançar pela região.
Durante os sete meses em que esteve em serviço nas montanhas, David foi o coronel responsável pela equipe que prendeu 40 traficantes, destruiu seis campos de plantação de coca e seis laboratórios de drogas, e confiscou o equivalente a mais de 500 mil reais – quantia entregue aos cofres públicos. “Todos que estavam naquela área antes de mim, eu mandei embora, porque sabia que eram corruptos”, conta ele.
Por ser fiel à verdade e retidão, David foi perseguido e, mesmo enfrentando ameaças de morte contra sua família, não se corrompeu. Por obediência à Palavra de Deus, ele pagou o preço de passar oito anos na prisão injustamente. “Foi lá onde aprendi a orar de verdade”, diz ele. Foi também por meio dessa situação, que David teve a experiência de ser pastor de uma igreja na prisão.
Mas, na maioria das vezes, cumprir o que está escrito em João 16.33: “Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo!” não é fácil. “Nunca perdi minha fé, mas isso não significa que eu sempre fui vitorioso. Muitas vezes me senti abatido, deprimido. A minha libertação foi negada cinco vezes, apesar de eu merecê-la. Fui condenado injustamente, e depois eles dobraram a punição. Por isso, tive de ficar sozinho e procurar refúgio no Senhor”, compartilha David.
Por causa de histórias como a de David e Chely – que nunca deixou de visitá-lo uma vez se quer – a Portas Abertas promove campanhas de cartas nas quais cristãos brasileiros escrevem palavras de conforto e encorajamento para os cristãos presos e suas famílias. Na época, o casal peruano recebeu mais de dez mil cartas! “Elevou muito nosso espírito, manteve a nossa fé. Manteve viva a esperança de que um dia eu seria libertado. Aquelas cartas foram como oxigênio para nós”.
Por aqui, David e Chely visitaram 16 igrejas em Santos, São Vicente, Praia Grande, Cubatão, Curitiba, Quatro Barras, Campinas, Carapicuíba, Santo André, Mauá, São Paulo e Atibaia. Falaram para aproximadamente 3.370 pessoas. Também estiveram presentes no Conselho de Pastores de Santos e em um café da manhã realizado na sede da Portas Abertas Brasil para voluntários. Muito obrigado a todas as igrejas que os receberam!
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