Morre Eduardo Campos; Marina Silva pode ser oficializada candidata
Brasil poderá ter dois evangélicos concorrendo a presidente
O acidente aéreo que vitimou o candidato Eduardo Campos (PSB), 49 anos, na manhã desta quarta-feira (13) pode mudar o quadro da corrida presidencial de 2014. Marina Silva, é vice na chapa, sendo a sucessora natural.
Em terceiro lugar nas pesquisas, com cerca de 9%, Campos procurava associar sua imagem a de Marina, que fez cerca de 20 milhões de votos em 2010. Ela não estava a bordo do avião modelo Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, que vinha do Rio de Janeiro e caiu em Santos. Segundo as agências de notícias, foram pelo menos cinco mortos. Além do candidato e assessores da campanha havia dois pilotos a bordo.
De família tradicionalmente envolvida na política, Campos foi governador de Pernambuco. Casado com a economista e auditora do Tribunal de Contas do Estado Renata Campos, deixa quatro filhos: Maria Eduarda, João Henrique, Pedro Henrique e José Henrique.
Marina Silva ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Professora de História, Missionária da Assembleia de Deus e ex-senadora pelo Acre, Marina saiu do PT, foi para o PV e tentava a regulamentação do seu novo partido, Rede Sustentabilidade. Ao ter o registro negado pelo STF, aliou-se ao PSB de Campos.
Essa relação custou um desgaste a ela. Durante as primeiras tratativas ocorreu um “bate-boca” entre Marina e um de seus mais antigos aliados, o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ). Diante de vários questionamentos sobre a linha do partido Rede Sustentabilidade, que ele a ajudaria a fundar, Sirkis afirmou que havia entre seus quadros “pessoas progressistas, de extrema esquerda e também “evangélicos de direita”.
Ao ouvir isso, Marina rebateu: “Quem é evangélica aqui sou eu. Então sou de direita?” Ou seja, diante dos presentes ficou claro que a ex-senadora não gosta de ser chamada assim.
O historiador Zózimo Trabuco, que está escrevendo uma tese de doutorado na UFRJ com o título: “A expressão política da esperança: Protestantismos, esquerdas e transição democrática.” Seu argumento central é que os evangélicos vivem uma ambiguidade política. “Durante a ditadura e no processo de redemocratização, por serem religiosos, eles eram chamados de burgueses pela esquerda. E, na igreja, eram considerados subversivos por defenderem as esquerdas”, acredita.
Hoje em dia, as pautas mais debatidas pelos políticos evangélicos “de esquerda” mudaram. Atualmente “são defensores das minorias e apoiam a legalização do aborto, o uso de métodos contraceptivos e o casamento gay. Há um grupo de cristãos que participa inclusive da Marcha das Vadias”, aponta Zózimo.
Por outro lado, a ex-senadora Marina Silva tem posturas mais próximas da chamada “bancada evangélica”. Para o historiador, “Há uma certa pressão por verem nela a chance de o Brasil ter um presidente evangélico”. Embora ela sempre tenha militado em movimentos de esquerda, as bases evangélicas que se aproximaram de Marina são conservadoras. Os assuntos mais comentados pela bancada são justamente a descriminalização do aborto e a legalização do casamento gay.
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