O representante especial adjunto do secretário-geral da ONU para o Timor Leste, Eric Tan, que desembarcou na capital do país, Díli, no último dia 11, disse à Agência Lusa que estão sendo realizadas investigações sobre o assassinato do missionário evangélico brasileiro Edgar Gonçalves, e classificou o crime, cometido neste domingo, como um incidente muito trágico.
Gonçalves foi baleado em Díli enquanto retornava de um culto religioso acompanhado da irmã, segundo afirmou o pastor Durval Barbosa à Agência Lusa.
Trata-se de uma notícia trágica, a morte de uma pessoa querida que trabalhava muito, que veio para este país para ajudar a trazer a paz para este povo e que foi vítima de pessoas que têm muito ódio dentro de si, lamentou Barbosa.
Cidadãos brasileiros que entraram em contato com a irmã da vítima, que testemunhou o crime, disseram à Agência Lusa que o missionário e sua parente foram surpreendidos por um grupo de jovens armados enquanto voltavam para casa.
Ele tentou falar que não era timorense, que não era daqui, mas eles não quiseram ouvir e atacaram-no. Faleceu pouco depois, acrescentou o pastor Barbosa.
Josué Vieira Santos, outro cidadão brasileiro, disse que a morte de Edgar Gonçalves pegou de surpresa a comunidade do país no Timor, sobretudo por ocorrer dias depois das diversas iniciativas em prol da paz realizadas ao longo desta semana na capital Díli.
Depois de todas as passeatas pela paz estávamos com a esperança de que a situação já estivesse resolvida no que diz respeito à segurança pública, afirmou.
Crime
Gonçalves foi assassinado após um grupo de jovens ter bloqueado o carro em que o missionário brasileiro se encontrava junto com sua irmã, na região entre os bairros de Akadiro Hun e Bidau, onde se situa o Hospital Nacional Guido Valadares.
Depois de ter sido ferido, Gonçalves ainda conseguiu conduzir o veículo até uma casa em que residem outros brasileiros, que tentaram levá-lo ao Hospital Nacional.
No entanto, estes não conseguiram concretizar o objetivo devido à confusão nessa parte da cidade e a barreiras formadas por pneus, levantadas por grupos de jovens.
O religioso brasileiro morreu antes de dar entrada na Clínica do Bairro Pité.
Apreensão entre brasileiros
Antônio de Souza e Silva, embaixador do Brasil em Díli, disse à Agência Lusa que os médicos lhe comunicaram que Edgar Gonçalves tinha sido baleado.
A informação disponível é que o carro foi atacado em meio a uma confusão na rua. Ele foi alvejado entre o pescoço e o ombro. Quando cheguei (à Clínica do Bairro Pité) soube pelos médicos que tinha sido uma arma de fogo, uma pistola, adiantou o diplomata.
O ataque que vitimou Gonçalves deixa apreensivo o embaixador brasileiro.
Parece que os grupos (de jovens) estão mais explosivos. O mais importante é que parece que (o crime) foi (cometido por) uma arma de fogo, ratificou.
Atualmente vivem cerca de 160 brasileiros no Timor Leste, com 100 na condição de missionários, e os outros na de professores e funcionários da embaixada.
Crise
A crise político-militar que assola o país asiático desde abril deixou até agora mais de 50 mortos e 180 mil desabrigados - a metade já retornou a suas casas.
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