No que parece ser um profundo desrespeito pelas minorias religiosas paquistanesas, que pedem a abolição das leis de blasfêmia, o ministro paquistanês de assuntos religiosos, Ijaz-ul-Haq, insistiu que as leis de blasfêmia do país não devem ser repelidas mesmo se 100 mil cristãos perderem suas vidas. A notícia foi dada pelo jornal inglês "The Telegraph".
É pertinente mencionar aqui que Ijaz é filho do falecido general Ziaul Haq, que, em seu desejo de islamizar o país, introduziu algumas leis controversas.
A reportagem do "The Telegraph" cita dois cristãos que foram libertados em maio de 2006, depois de serem acusados sob as leis de blasfêmia em 1999.
"Asif Masih e Amjad, os dois limpadores do distrito de Jhang, a 483 quilômetros de Islamabad, foram presos por um tribunal de Faisalabad em 1999, sob as perversas leis de blasfêmia do Paquistão, acusados de queimar uma cópia do Alcorão", disse o jornal.
"Como a lei pode ser invocada sob a palavra de apenas uma testemunha, ela é manipulada com freqüência pelos muçulmanos para acertarem problemas pessoais ou para criar tensões religiosas".
Segundo o jornal, a polícia preencheu as acusações de queima de Alcorão depois que a dupla se recusou a pagar suborno em 1998. Seu primeiro apelo foi rejeitado em 23 de maio de 2003, e eles foram libertos, enfim, em maio de 2006.
"Foi um período difícil para a minha família, mas eu tenho medo que o tempo difícil de verdade comece agora, já que os extremistas podem atacar Amjad ou mais alguém da família", declarou a esposa de Amjad, Kausar.
Amjad, sua esposa e seus quatro filhos estão sob os cuidados da Fundação Filantrópica Bispo John Joseph Shaheed, criada em memória do clérigo que cometeu suicídio do lado de fora de uma corte para protestar contra as leis de blasfêmia.
"O Paquistão está se tornando um Estado fundamentalista", afirmou Nasir Saeed, diretor londrino do Centro para Assentamento e Ajuda Legal (CLAAS, sigla em inglês).
O "The Telegraph" informou que a Comissão Nacional pela Justiça e Paz, uma organização de direitos humanos da Igreja Católica Romana, criticou as autoridades por não conseguir processar milícias muçulmanas, que teriam assassinado pelo menos 23 supostos blasfemadores.
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