Mensaleiro condenado diz que encontrou Deus na cadeia
Henrique Pizzolato diz que Jesus impediu extradição ao Brasil para cumprir sua pena
Embora no Brasil tenha sido condenado a 12 anos e 7 meses por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, Henrique Pizzolato atualmente está livre na Itália, de onde teve sua extradição negada.
O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil e peça-chave no escândalo de corrupção conhecido como mensalão, fugiu para a Itália em setembro de 2013. Acabou ficando preso desde fevereiro até outubro deste ano na cidade de Modena. Foi solto no último dia 28, após a corte italiana negar o pedido do Brasil para ser julgado pela justiça.
Embora o Ministério Público da Itália tenha entrado com um recurso na Justiça italiana, se Pizzolato nunca voltar ao Brasil estará livre da condenação por ter dupla cidadania.
O jornal Folha de São Paulo publicou um vídeo que mostra Pizzolato dando um testemunho na pequena igreja evangélica Fonte de Vida, na periferia de Módena. Diante de cerca de 70 fiéis que assistiam ao culto no último domingo, ele contou em italiano como encontrou “sinais da existência de Deus” na prisão.
Um dia antes do julgamento, o pastor me mandou uma carta e me deu um livrinho. Sublinhei um trecho da carta que dizia que o Senhor Jesus era meu advogado”, relata. Conta ainda que “sentiu” que foi Ele quem impediu sua extradição para o Brasil.
Ao lembrar os cerca de 9 meses que ficou na penitenciária, Pizzolato comparou sua experiência à do apóstolo Paulo, convertido no caminho para Damasco. “Eu me vi no escuro, na dificuldade e na derrota, não tinha mais forças, e era como se me apertassem e asfixiassem. Procurava um meio de poder sobreviver e pedi a Jesus que me mandasse um sinal de qual era a sua vontade”, descreveu. Curiosamente não fez menção ao fato de ter sido seminarista na juventude, nem que era devoto de São Francisco de Assis.
O brasileiro explicou ainda que todas as quintas recebia a visita do pastor italiano Romolo Giovanardi na penitenciária de Módena, onde estava preso. “O pastor segurava a Bíblia e pôs a mão na minha cabeça. Naquele momento eu me senti mais leve, me sentia com um pouco mais de ar e de luz”, disse diante da congregação. Em momento algum falou sobre sua participação no mensalão nem sobre ter falsificado documentos para poder sair do Brasil.
Na parte final, declarou: “Hoje eu não sei qual é a vontade de Deus, mas o que eu quero é não falhar no Seu projeto. Deus me deu uma oportunidade ao me mandar para um lugar difícil”.
Mesmo parecendo ter passado por uma experiência de conversão, não mostra sinais de arrependimento, como era comum nos relatos bíblico. “Se tivesse a oportunidade de viver de novo, não mudaria nada na minha vida. Nem a passagem pelo presídio, pela alegria e os amigos que conheci lá. Espero dedicar o que me resta de vida a poder ajudar os outros”. Mesmo assim, foi aplaudido pelos presentes.
É importante esclarecer que a igreja de Pizzolato na Itália nada tem a ver com a denominação evangélica de mesmo nome conhecida no Brasil.
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