Jill Ireland, uma cristã malaia, está processando o governo por ter, segundo ela, violado seus direitos religiosos quando funcionários da alfândega apreenderam CDs cristãos educativos que ela havia trazido da Indonésia.

Os oito CDs foram confiscados no aeroporto de Kuala Lumpur em 11 de maio.

O Ministério do Interior informou-a por carta que os CDs haviam sido apreendidos principalmente porque seu título possuía a palavra "Alá", cujo uso é proibido em materiais não-islâmicos, disse o advogado de Jill, Annou Xavier.

Ele também informou que Jill deseja que o tribunal de Kuala Lumpur emita uma declaração que a permita transportar qualquer material religiosos de uso pessoal.

O tribunal agendou, nesta última quinta-feira, uma audiência preliminar para o dia 30 de janeiro.

A promotora Suzana Atan recusou comentar detalhes do caso, mas afirmou que as autoridades proibiram o uso da palavra "Alá" em publicações que não sejam muçulmanas.

A Constituição malaia garante liberdade de culto para os não-muçulmanos, que perfazem um terço da população do país.

Entretanto, as minorias budista, cristã e hindu têm alegado discriminação religiosa devido a incidentes nos últimos anos, como, por exemplo, a demolição de templos hindus, por parte do Estado.

No ano passado, o governo decretou que grupos não-islâmicos não podem utilizar a palavra "Alá" (“Deus”, em árabe) na língua nacional do país.

A proibição gerou críticas por parte dos cristãos, que usam “Alá” para se referir a Deus na Bíblia em malaio e em outras publicações. Uma igreja malaia e um jornal cristão abriram processos contra a medida.

O governo alega que o uso do termo em produções cristãs poderia confundir os muçulmanos malaios e fazer com que eles se convertessem ao cristianismo.