As autoridades já removeram 219 mulheres e crianças de um rancho do Texas pertencente a uma seita dissidente da religião mórmon que pratica a poligamia, informou a imprensa americana neste domingo à noite.
De acordo com o jornal “The Salt Lake Tribune”, as autoridades haviam revistado apenas metade do local, após a denúncia de que um homem de 50 anos teria se casado, em 2007, com uma jovem hoje com 16 e que já seria mãe de um bebê de oito meses.
A menina, não identificada, teria telefonado para a polícia da fazenda de propriedade da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (FLDS, sigla em inglês), que fica em Eldorado.
A lei do Estado do Texas proíbe que as meninas menores de 16 anos se casem, mesmo com a aprovação dos pais.
Nessa operação, que já dura três dias, unidades especiais da polícia entraram no templo da igreja, sem incidentes, no sábado à noite, depois que os líderes do lugar negaram por várias horas o acesso às autoridades.
Neste domingo, as autoridades continuavam procurando a jovem, o bebê e o suposto pai, enquanto assistentes sociais interrogavam outros habitantes da região.
O “Salt Lake Tribune” informou que os serviços sociais removeram 60 mulheres e 159 crianças para interrogá-las em uma atmosfera menos intimidadora.
A organização, dirigida por Warren Jeffs, é uma seita dissidente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, com sede em Salt Lake City, da qual se separou depois que esta renunciou à prática da poligamia em 1890.
Warren Jeffs foi detido em 2006 por ser cúmplice de estupro e está pagando pena de prisão perpétua, embora continue dirigindo a seita de dentro da penitenciária.
Jeffs, 52, se considera o “profeta” da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, uma congregação de 10 mil membros que construiu uma sede em um enorme rancho em Eldorado (Texas), comprado há quatro anos por US$ 700 mil.
As instalações –que contam com um templo de grandes dimensões, um prédio de três andares com dormitórios, escola e centro comunitário– oferece amparo a cerca de 400 pessoas de Utah e do Arizona.
“O profeta”
Atualmente, Jeffs cumpre desde novembro uma condenação de dez anos de prisão após ter sido julgado como cúmplice de abuso por ter forçado uma adolescente de 14 anos a se casar com seu primo em 2001.
Também pesam sobre ele uma dezena de acusações por incesto, conspiração e por manter relações sexuais com menores. Por enquanto, o chefe da igreja espera julgamento na prisão de Kingman, no Arizona.
O grupo é dirigido por Jeffs desde a morte de seu pai em 2002.
A igreja pratica abertamente a poligamia no rancho, na fronteira das cidades de Hildale (Utah) e Colorado City (Arizona), e os habitantes do local foram vistos raras vezes em Eldorado, cidade que fica a cerca de 6 km da propriedade.
Poligamia
Segundo as autoridades, a seita impõe casamentos a jovens de até 13 anos. Caso o eleito para se casar com elas abandone a congregação, as moças são destinadas a outros.
As autoridades policiais começaram, na última quinta, a se aproximarem do rancho e a bloquearem seus acessos com barricadas, preparando a grande operação que aconteceu na noite da última sexta e na madrugada.
Após a invasão do rancho, a polícia recuperou cerca de 52 meninas, de 6 meses a 17 anos de idade. Posteriormente, o número de menores de idade retirados do local chegou a 137.
Muitas meninas ficaram sob custódia judicial do Estado por terem sofrido abuso ou por estarem em risco de sofrê-lo. As outras jovens foram levadas para centros de amparo.
Uma porta-voz da agência de Serviços para a Proteção Infantil destacou a difícil situação na qual estão as meninas resgatadas, pois muitas não conhecem outra vida a não ser a do rancho.
“Estamos lidando com meninas que não estão acostumadas à vida exterior, por isto estamos sendo muito sensíveis a suas necessidades”, declarou a representante à imprensa.
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