As autoridades eritréias detiveram, apenas na semana passada, 150 cristãos de pelo menos cinco das igrejas ilegais do país.
A captura começou às 6 horas da manhã de quarta-feira passada (25 de outubro). As forças de segurança da cidade de Mendefera saíram de casa em casa, detendo os cristãos que estavam na lista dos membros conhecidos de igrejas pentecostais e do movimento renovado ortodoxo.
Durante o primeiro dia de ataque, um total de 38 homens e 17 mulheres foi encarcerado no forte militar em Mendefera, a 48 quilômetros ao sul da capital Asmara. Alguns contatos confirmaram ao Compass que as autoridades policiais submeteram os cristãos detidos a espancamentos e outros maus-tratos físicos.
Segundo testemunhas, pelo menos dez mães de recém-nascidos estavam entre os prisioneiros. Todas elas tiveram de deixar seus bebês para trás.
Entre os cristãos presos havia membros da Igreja do Deus Vivo, Igreja Kale Hiwot, Igreja do Evangelho Pleno e Igreja Rema. Os membros ativos do grupo ortodoxo renovado da cidade também foram pegos.
As prisões continuaram na manhã seguinte, 26 de outubro, quando mais 95 evangélicos foram detidos.
Números em elevação
De acordo com fontes de Mendefera, o pastor Iyob Berhe, preso lá há oito meses, foi hospitalizado recentemente, com ferimentos graves. Iyob, da Igreja Kale Hiwot, foi submetido a rigorosas punições militares, e recebeu tratamento médico urgente no Hospital Público de Mendefera.
O pastor foi transferido de volta à delegacia de Mendefera, onde ainda se encontra preso por se recusar a assinar documentos negando sua fé e atividades evangélicas.
As prisões da semana passada elevaram o número de eritreus presos por causa de sua fé para um total de 2.078 pessoas. A maioria é de cristãos, mas alguns muçulmanos também foram presos. Ninguém foi levado a julgamento pelo regime autoritário.
Dos 162 cristãos presos neste mês, dois jovens morreram por espancamento dois dias depois de sua prisão. Eles estavam em um campo militar em Adi-Quala, sul de Mendefera, e morreram no dia 17 de outubro (leia mais).
Em maio de 2002, a Eritréia baniu todos os grupos religiosos independentes que não se encontravam sob as igrejas sancionadas pelo governo: ortodoxa, católica, luterana e muçulmana. O registro legal foi negado às igrejas protestantes independentes. Até mesmo o patriarca da Igreja Ortodoxa e seu movimento renovado perderam o prestígio.
Qualquer um que seja flagrado em um culto fora das quatro instituições religiosas reconhecidas, mesmo em uma casa, estará sujeito à prisão, tortura e pressão para negar sua fé.
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