Desde que chegou ao 89º Distrito Policial, no Portal do Morumbi, em São Paulo, Anna Carolina Jatobá, madrasta de Isabella Nardoni, fica a maior parte do tempo deitada no colchão em uma cela individual, lê a Bíblia e chora muito. O relato é de policiais da delegacia e de Ana Teixeira, 71 anos, que veio na tarde desta quinta-feira (10) visitar sua filha que também está presa. “Alguém que chega perto e olha, ela já começa a chorar. Não conversa com as outras presas”, contou Ana.
Segundo ela, nesta quinta, uma das detentas fez aniversário e Anna Carolina se recusou a participar da comemoração. “Estava deitada. Ofereceram bolo, refrigerante e ela não quis”, disse Ana. Os policiais do 89º DP contam que não há clima de hostilidade, mas Anna Carolina ainda ficará em cela individual por cautela. Ela só terá que dividir o espaço se chegarem mais presas com a prisão temporária decretada.
No último dia 2 de abril, a Justiça pediu a prisão temporária por 30 dias de Anna Carolina e de seu marido, Alexandre Nardoni, pai de Isabella, de cinco anos. Os dois são suspeitos de envolvimento na morte da menina, que caiu do sexto andar de um prédio no dia 29 de março. A Justiça analisa um pedido de habeas corpus protocolado pelos defensores.
Atualmente, há 11 presas na carceragem do 89º DP. Quatro delas, inclusive Anna Carolina, em prisão temporária. Três estão em uma cela para que a madrasta de Isabella fique sozinha. De acordo com os policiais, na maior parte do tempo as presas ficam em um pátio coberto onde há rádio e televisão. Anna Carolina, ao contrário, só fica no pátio sozinha.
Quase esclarecido
Nesta manhã, a Polícia Civil de São Paulo informou que 99% do caso está esclarecido. Os policiais já têm como descobrir se alguma pessoa estranha entrou no Edíficio London na noite em que a garota foi jogada do sexto andar do prédio onde morava seu pai, em 29 de março.
O pedreiro Gabriel dos Santos Neto, que trabalha na construção de um sobrado nos fundos do edifício London, prestou depoimento nesta tarde. Na saída da delegacia, ele negou que a construção tenha sido arrombada no dia do crime.
Um muro coberto por uma cerca elétrica – que estava desativada – separa o sobrado em obras de uma área onde fica a churrasqueira do prédio onde moram o pai e a madrasta de Isabella. O delegado responsável pelo inquérito fez a convocação do trabalhador para depoimento sobre a possível uma invasão na obra, que poderia ter facilitado o acesso ao edifício onde Isabella foi encontrada morta.
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