O caso da adolescente que sofreu violência sexual nas mãos de diversos homens despertou na sociedade um sentimento de repúdio à forma como a sexualidade está banalizada e também ao desrespeito contra as mulheres.
O pastor Jackson Jacques, dirigente da Igreja Vintage 180, comentou o caso e, destacando que nada justifica a violência contra a jovem, afirmou que o caso é um forte sinal de que “a masculinidade está em crise”.
“Trinta e três homens, e nenhum homem querendo defender a jovem que estava sendo estuprada. Todos querendo apenas se aproveitar dela. Essa é a realidade da masculinidade no nosso país. A maioria dos homens olham as mulheres somente como pessoas para lhe darem prazer. A masculinidade está em crise. E isso é uma das raízes de todos os nossos males”, avaliou.
Para Jacques, “nada justifica um homem bater, estuprar, violentar uma mulher. Quem relativiza isso é filho do diabo e nunca conheceu a Deus”, pontuou.
A psicóloga Marisa Lobo comentou o caso e apontou que a raiz dessa questão é mais profunda: “Temos que ter a coragem de discutir essa erotização e banalização da sexualidade dos nossos jovens e crianças. Drogas, banalização do sexo, ambientes permissivos, erotização infantil… Tudo isso favorece todos os tipos de abusos sexuais que uma criança ou jovem pode sofrer. Abusadores, pedófilos, estupradores são psicopatas e se aproveitam desses ambientes e dessas situações. Temos que ter a coragem de falar sobre esta realidade”, alertou.
O filósofo e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) Francisco Razzo destacou que é preciso direcionar o debate na sociedade para o lado correto, pois culpar o “machismo” como razão da violência sexual não tem nenhuma objetividade nesse caso: “Uma garota de 16 anos foi estuprada por mais de 30 seres humanos perdidos em seus próprios tormentos. Não foi culpa do machismo, da sociedade patriarcal, da humanidade, não foi culpa de nenhuma abstração. Os únicos responsáveis foram os mais de 30 seres humanos perdidos em seus tormentos”, pontuou, em sua página no Facebook.
Razzo afirmou ainda que é preciso evitar o raciocínio de que todo homem é um estuprador em potencial, pois, na verdade, a crueldade é inerente ao ser humano, o que se sobrepõe à questão de gênero: “A antropologia cristã, nesse sentido, foi muito mais radical. Todo ser humano traz a maldade em potencial. Não esta ou aquela maldade específica, arbitrariamente selecionada. A possibilidade, ou potencialidade, de inserir o mal no mundo, em suas inúmeras faces e formas, configura uma característica intrínseca da própria condição humana”, destacou.
“O ser humano não é só um estuprador em potencial, o ser humano é também um genocida em potencial. Todo ser humano guarda dentro de si uma miniatura macabra de si. A crueldade vive em estado de crisálida em cada um de nós. E as feministas, convenhamos, com o perdão da analogia, estão ‘brincando de casinha’ ao tentar sondar as trevas do coração humano”, concluiu.
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