A preparação para entrar na universidade normalmente exige muita dedicação dos estudantes e culmina nas provas de vestibular. As expectativas pessoais, da família e até dos amigos acabam gerando ansiedade e incertezas. Em entrevista exclusiva à Soma, o líder de jovens estudantes cristãos, secretário geral da Aliança Bíblica Universitária do Brasil (ABUB), Reinaldo Percinoto, desmistifica o vestibular e fala como as provas de acesso ao curso superior podem ser uma experiência de reflexão e amadurecimento da fé. Confira a íntegra da entrevista.
– Quais são os principais desafios do estudante na fase do vestibular?
Alguns desafios variam bastante de estudante para estudante, mas em geral todos lidam com uma forte expectativa, que na maioria das vezes acaba culminando em muita ansiedade. Normalmente esses estudantes são bem jovens, e precisam lidar com as pressões pessoais, familiares e da sociedade. É como se o resultado do vestibular, e mais ainda daquele vestibular em particular, fosse um atestado da sua capacidade pessoal e do seu valor social. Algumas idéias enraizadas em nossa sociedade contribuem muito para aumentar essa pressão. Entre outras, a idéia imediatista de que a “chance da sua vida” se restringe àquele exame e, pior ainda, que seu papel social depende da posse de um diploma universitário. É claro que o vestibular representa mesmo uma oportunidade para o crescimento, e aprofundar sua formação acadêmica é muito importante. Mas não podemos creditar exclusivamente a isso a nossa realização pessoal e social.
– Como igrejas e ministérios de jovens/ adolescentes podem ajudar nesta fase?
Os grupos que trabalham com jovens e adolescentes podem ser um importante canal de apoio e serviço neste momento delicado da vida dos estudantes, expressando por meio de palavras e ações a preocupação e amor que Deus tem por cada um deles. E, acima disso, ajudá-los a reconhecer ou relembrar que sua existência, nas mãos de Deus, é muito mais ampla e completa do que aquele momento específico da vida terrena de cada um.
– Professores e outros profissionais de cursos pré-preparatórios dizem que o emocional afeta em pelo menos 50% o resultado da prova. O vestibular pode ser também uma experiência de fé para o estudante?
E essa pressão emocional tende a aumentar ainda mais, na medida em que a pressão do mercado de trabalho acirra a competitividade e faz aumentar a procura por um curso superior. Soma-se a isso o desejo de que o curso superior funcione como uma “catapulta” social. Sim, infelizmente a universidade é cada vez mais vista como esse “trampolim social”, ao invés de um espaço de desenvolvimento da vocação de cada estudante.
Dessa forma, o vestibular pode sim ser uma experiência de amadurecimento da fé do estudante, porque pode ajudá-lo a desenvolver uma cosmovisão mais realista e menos circunstancial. Uma cosmovisão que o ajude a perceber que sua identidade e vocação devem estar centralizadas em Deus, e isso é libertador. Não se trata de mera “auto-ajuda espiritual”, mas de um amadurecimento na sua relação com Deus e o mundo criado por Ele. Dessa forma, os “vestibulares” da vida adquirem uma importância relativa e um papel coadjuvante na nossa vocação como cidadãos do Reino de Deus.
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