O presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP) alertou para a violação do direito à liberdade religiosa em países democráticos e liberais. O cardeal Renato Martino manifestou a sua preocupação no discurso "Religião no espaço público: liberdade religiosa na nova Europa", pronunciado na Academia Diplomática de Viena.
Concluindo o itinerário que o fez passar pela Croácia, Hungria e Áustria para apresentar o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, o cardeal Martino afirmou que a neutralidade ideológica do Estado de Direito não se deve confundir com sua suposta neutralidade ética, sob o risco do predomínio dos mais fortes sobre os fracos e dos interesses particulares sobre o bem comum.
Segundo o comunicado enviado pelo CPJP à agência Zenit, o cardeal italiano denunciou que "também nos países democráticos e liberais o direito à liberdade religiosa nem é sempre respeitado na substância".
"A liberdade de religião é a garantia primária para que os direitos humanos não sejam colocados sobre a areia da convenção, mas sobre a rocha do fundamento transcendente", afirmou.
Para o presidente do CPJP, o respeito, por parte do Estado, do direito à liberdade de religião é um sinal de respeito pelos outros direitos fundamentais, dado que se trata de um reconhecimento implícito da existência "de uma ordem que supera a dimensão política da existência".
O cardeal italiano rejeitou ainda uma concepção da laicidade que exclui a religião da vida pública, relegando-a para o âmbito puramente privado. "Um regime político autenticamente laico - apontou - aceita que os cristãos atuem enquanto tal na sociedade, sem se camuflarem".
Sérias preocupações
Também a Comissão norte-americana sobre a liberdade religiosa no mundo manifestou ontem sérias preocupações sobre a violação a este direito fundamental, especialmente no Paquistão, Uzbequistão e Turcomenistão.
A Comissão, cujos membros são nomeados pelo congresso e pelo presidente norte-americanos, pede igualmente que a China, Irã, Myanmar (antiga Birmânia), Coréia do Norte, Vietnam, Eritréia, Sudão e Arábia Saudita continuem na "lista negra" elaborada pelo Departamento de Estado e atualizada em novembro de 2005.
Chama-se ainda a atenção do governo para a situação no Iraque e no Afeganistão, onde "o direito universal da liberdade de culto está em perigo".
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