O julgamento de vietnamitas da etnia montagnard acusados de participar em protestos entre 2002 e 2005 continua. A agência de notícias vietnamita Vietnam News Agency (VNA) relatou que seis pessoas dos grupos étnicos Edê e M'Nông receberam sentenças que variam de três a sete anos, por prejudicar a unidade nacional e organizar emigração clandestina.
O julgamento, realizado no dia 21 de junho, seguiu uma afirmação feita pelo porta-voz do Ministério do Exterior, Le Dung. Ele considerou forjado um relatório feito pelo grupo Observatório de Direitos Humanos, que dizia que as autoridades vietnamitas haviam retaliado montagnards repatriados do Camboja, país em que procuraram refúgio.
Segundo informações da VNA, os eventos em questão, envolvendo seis culpados, aconteceram entre 2002 e 2005.
Uma manifestação inicial, de grandes proporções, foi feita pelos montagnards em 2001; a segunda aconteceu em 2004.
Diz-se que os acusados estão envolvidos em propagandas anti-nacionalistas e criaram pequenos grupos "reacionários" no movimento dega (ou degar).
Dega é um termo que substituiu FULRO (Frente Unida de Liberação das Raças Oprimidas, sigla do francês). Ele descreve as minorias nacionais do Vietnã e geralmente é usado pelas autoridades quando falam sobre o "protestantismo dega".
Sem referência a religião
O relatório do julgamento não se refere às atividades religiosas dega, exceto ao dizer que os acusados tinham a intenção de caluniar a repressão anti-religiosa do Estado.
Entretanto, um relatório feito pela Agence France-Presse sugeriu que os seis acusados eram membros de uma igreja evangélica dega, que incentivou cerca de 300 pessoas a protestarem, e que preparava a partida secreta de 22 pessoas para o Camboja quando foram presas.
O julgamento não é o primeiro do tipo. Desde 2001, e em intervalos regulares, a imprensa oficial publica relatos de julgamentos nas províncias do planalto central. Eles envolvem montagnards, acusados de crimes contra a segurança pública ou a unidade nacional.
De acordo com o último relatório do Observatório de Direitos Humanos, várias organizações vietnamitas novas relataram um total de 159 julgamentos, geralmente envolvendo grupos pequenos.
O documento também nota que outros processos aconteceram no lugar sem serem relatados e, portanto, é impossível saber quantas pessoas já foram condenadas.
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