Em 19 de julho, um jovem turco se trancou dentro da igreja Evangélica de Diyarbakir, no sudeste da Turquia, quebrando janelas e incendiando cortinas, Bíblias e fitas cassetes até que a densa fumaça finalmente lhe obrigou a render-se à polícia.
Identificado como Medet Arslan, de 27 anos, ele foi até a igreja protestante naquela tarde, no distrito de Lalebey, em Diyarbakir, e alguns dos membros da igreja o convidaram para tomar chá. Enquanto ele se sentava e conversava com eles, começou a citar, em alta voz, versículos do Alcorão, afirmando várias vezes que ele queria se tornar um mártir.
Elevando sua voz, Arslan começou a gritar, protestando contra os maus tratos dos muçulmanos no Iraque, declarando que ele queria matar as pessoas e prometendo ir aos Estados Unidos para guerrear. Rapidamente, um dos funcionários da igreja saiu da sala da lareira onde eles estavam sentados e chamou a polícia.
Alguns momentos depois, o visitante puxou do seu casaco uma longa faca de açougueiro e perseguiu um jovem que rapidamente conseguiu sair da sala e tentou segurar a porta fechada até que as chaves fossem encontradas para trancar Arslan do lado de dentro.
Após várias ligações telefônicas, a polícia local chegou trinta minutos mais tarde. Arslan trancou a porta e a polícia não conseguiu persuadi-lo a entregar-se. Amaldiçoando em alta voz, o homem começou a atear fogo em Novos Testamentos, prateleiras, cortinas e em tudo o que ele encontrou na sala. Ele também destruiu e quebrou todas as janelas.
Finalmente, um carro de bombeiro chegou no local. Apesar de mais de vinte oficiais de polícia se unirem à imprensa local, a fim de tentar esguichar Arslan através das janelas, eles não conseguiram tirá-lo do seu isolamento. Somente três horas mais tarde, quando a excessiva fumaça das fitas cassetes e CDs queimavam na sala, o agressor implorou para sair da sala e permitiu que fosse levado pela polícia.
"Após a fumaça ter se dispersado um pouco, nós entramos na sala da lareira que estava carbonizada e os livros queimados e tentamos colocar água ao redor deles", contou o americano Jerry Mattix à Compass. "As paredes estavam pretas com fuligem e um sufocante mau cheiro".
Segundo o pastor Ahmet Guvener, que não estava no prédio da igreja durante o incidente, as autoridades policiais mais tarde lhe informaram que Arslan foi transferido para um hospital psiquiátrico em Elazig logo após o ataque. De acordo com os oficiais, o agressor tem um histórico de problemas mentais.
A igreja sofreu cerca de $1.500 dólares em prejuízo decorrente do ataque. Neste ínterim, a primeira igreja protestante de Diyarbakir da história da República Turca continua a aguardar uma decisão formal das autoridades a respeito da sua posição de zoneamento legal na cidade.
Ahmet venceu uma marcante decisão judicial em maio, quando as cortes em Diyarbakir retiraram todas as acusações contra o pastor por ter aberto uma igreja "ilegal" e confirmou o direito constitucional da congregação de realizar adoração tanto em particular como em público.
Entretanto, um comitê local do Ministério Turco da Cultura prontamente rejeitou a solicitação de zoneamento da igreja, informando verbalmente à igreja que sua decisão foi enviada para Ancara para ratificação formal.
Na semana passada, a presidente do Comitê da Preservação da Cultura e de Locais Históricos em Diyarbakir, informou a Ahmet que a solicitação do zoneamento da sua igreja fora aprovada por Ancara. "Enquanto falava comigo no telefone, ela leu a decisão de aprovação para mim", afirmou Ahmet, "mas afirmou que esta aprovação ainda teria que ser ratificada pelo Ministro da Cultura". A igreja ainda deve receber uma decisão escrita negando ou confirmando sua posição de zoneamento.
Apesar da sanção dos projetos da igreja em 2001, a construção e o processo de aprovação foram interrompidos devido a vários obstáculos legais desde então. A congregação possui mais de cinqüenta membros e a igreja funciona aberta desde que o prédio foi concluído, em abril de 2003.
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