O pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, continua sob intensas críticas e acusações.
No último sábado, 09 de março, o jornal Correio Braziliense acusou o pastor de usar seu mandato como parlamentar para beneficiar suas empresas e a igreja que foi fundada por ele.
“O deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) […] usou o mandato parlamentar em benefício de suas empresas e das atividades de sua igreja. Além de destinar verbas públicas para seus negócios particulares, ele paga salário a um funcionário fantasma, que na verdade trabalha em um escritório de advocacia de Guarulhos”, acusa a matéria do jornal.
Assinado pela jornalista Helena Mader, o texto afirma que “Feliciano também repassou recursos públicos ao escritório de outro advogado, que o defendeu em um processo eleitoral às vésperas do pleito”, e diz que “o gabinete 254, no Anexo 4 da Câmara, é quase uma filial da Assembleia de Deus Catedral do Avivamento”, pois Feliciano teria contratado “cinco pastores da congregação que ele preside, e ainda cantores de música gospel que trabalharam na gravação de seu CD”, para assessorá-lo como parlamentar.
Perante a enxurrada de críticas ao pastor, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) afirmou ao G1 que se surgirem fatos novos contra Marco Feliciano, então a casa legislativa poderá “avaliar a situação”.
Alves ressaltou que o nome de Feliciano foi indicado por seu partido, o que é legítimo e faz parte das negociações políticas na Câmara: “Foi um direito de um partido que reunido com os demais partidos escolheu a comissão que lhe cabia e, a partir daí, indicou o parlamentar de sua escolha. Mas, se fatos novos surgirem, na segunda-feira a Câmara poderá avaliar a situação da Comissão de Direitos Humanos, mas, claro, sempre respeitando o direito de cada parlamentar e de cada partido”, pontuou.
O jogo político que resultou na eleição de Feliciano para a presidência da CDHM foi criticado pela ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora, Marina Silva, em sua página no Facebook: “A escolha não deve basear-se no credo ou no partido do parlamentar, mas na sua trajetória e na identificação com a temática da comissão”, observou.
Após a manifestação da apresentadora Xuxa contra Feliciano na última semana, chamando-o de “monstro”, outros artistas também criticaram a eleição do pastor para o cargo: “Pastor Marco Feliciano a democracia vai tirá-lo deste cargo! Lembre-se disso! Nós vamos tirá-lo daí! O Sr não representa nem os evangélicos”, escreveu o vocalista Tico Santa Cruz em seu perfil no Twitter.
Luciano Huck também manifestou opinião contrária: “Se o conclave papal seguir a lógica do Congresso Brasileiro p/ eleger seus presidentes de comissões, é capaz do Ahmadinejad virar Papa”, escreveu, fazendo referência ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que é muçulmano.
Ainda no sábado, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), que é formado pelas denominações Católica Apostólica Romana, Episcopal Anglicana do Brasil, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Sirian Ortodoxa de Antioquia e Presbiteriana Unida, divulgou uma moção que pede a retirada de Feliciano do cargo, de acordo com informações do Congresso em Foco. Confira abaixo:
Moção de Repúdio
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, reunido entre os dias 8 a 10 de março na cidade de São Paulo, em Assembleia Geral, por seus delegados e delegadas, vem expressar publicamente o seguinte:
1. Considerando a importância da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados na implementação dos DHESCAs (Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais) em nosso país;
2. Considerando a necessidade de que esta Comissão seja presidida por quem tem histórico de compromisso coerente com os DHESCAs;
3. Considerando o corolário de nossa missão, à luz dos valores que a inspiram, e as manifestações de diversos segmentos da sociedade brasileira, expressamos nosso repúdio ao processo que levou à escolha do Deputado Marco Feliciano (PSC), o qual, por suas declarações públicas, verbais e escritas de conteúdo discriminatório, de cunho racista e preconceituoso contra minorias, pelas quais responde a processos que tramitam no Supremo Tribunal Federal. Tal comportamento o descredencia para liderar a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e propugnamos por seu imediato afastamento.
Pela ética na Política!
Por um Congresso Nacional transparente e com ficha limpa!
Pela Reforma Política do Estado brasileiro na busca da ampliação da cidadania!
São Paulo, 09 de março de 2013.
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
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