Com visíveis sinais de loucura e falando constantemente o nome de Deus, um estudante de 19 anos estava recolhido provisoriamente, na manhã de ontem, na Central de Flagrante, a pedido da própria família que procurava uma clínica para interná-lo.

Jovem saudável e feliz com a família, ele ficou com problemas mentais depois de um jejum absoluto de 21 dias em um retiro espiritual por exigência do pastor de uma igreja evangélica para conseguir a salvação total e absoluta.

O pai do estudante, o funcionário público Manoel Luiz de Lima (49), disse que tão logo conseguisse uma clínica para internar o filho iria procurar o Ministério Público para denunciar a igreja que teria feito isso com outros jovens. “Meu filho era um homem saudável e, depois desse jejum absurdo, ficou completamente debilitado”, declarou.

Segundo João Luiz Lima, até o início do mês, seu filho era um jovem normal e cheio de saúde. Aplicado aluno do curso de Direito, ele ingressou numa certa igreja evangélica no bairro João Eduardo.

Por sugestão de um pastor, ele e outros fiéis participaram de um retiro espiritual durante 21 dias. Os fiéis aceitaram apenas porque os participantes assegurariam de maneira antecipada a salvação total e absoluta, uma espécie de passaporte para o céu.

Quando o rapaz retornou no início da semana, estava debilitado e com sérios problemas mentais. Na manhã de ontem, ao acordar, ele, que nunca ingeriu bebida alcoólica, tornou-se violento, o que obrigou o pai a pedir ajuda a uma guarnição da PM.

Por medida de segurança, ele ficou por algumas horas em uma das celas da Delegacia Central de Flagrante a pedido da família, saindo direto para uma clínica particular. Segundo informações de familiares, tão logo soube da situação do jovem, o pastor que exigiu o jejum absoluto desapareceu em nome de Deus.