O deputado federal e ativista gay Jean Wyllys (PSOL-RJ) concedeu uma entrevista ao canal da campanha Quanto Valeu Seu Voto no YouTube, e mais uma vez, criticou a atuação da bancada evangélica no Congresso Nacional.
A campanha Quanto Vale Seu Voto é organizada por entidades feministas, como o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), Coletivo Leila Diniz, Cunhã Coletivo Feminista, Geledés, Instituto Patrícia Galvão, REDEH e SOS Corpo, e recebe apoio do Fundo para a Igualdade de Gênero da ONU Mulheres e do Ministério de Relações Exteriores da Holanda.
Na entrevista, Wyllys ataca a mobilização política que cristãos tem protagonizado no país: “A Igreja, não só as igrejas evangélicas neopentecostais fundamentalistas, mas a própria Igreja Católica já tinha reformulado seus meios de influir no Estado, uma vez que a Constituição – já desde a Proclamação da República em 1889 – Estado e Igreja se separaram. De lá pra cá, a Igreja vem renovando suas estratégias para influenciar o Estado. A Igreja Católica tinha aqui uma influência muito grande, realizava missas, agora as igrejas evangélicas realizam cultos e seus deputados vão à tribuna dizer que estão a serviço de Jesus”, criticou o deputado.
Recentemente, Jean Wyllys comparou as igrejas evangélicas a organizações criminosas, como o narcotráfico, e afirmou que a mobilização política dessas denominações visava ocupar um espaço vago deixado pelo Estado. Na nova entrevista, o deputado atacou os cristãos dizendo que suas motivações políticas são de estímulo à violência e preconceito contra minorias e mulheres, e afirmou que um presidente evangélico provavelmente não apoiaria políticas de direitos humanos.
“Essa força política de cristãos fundamentalistas se coloca claramente contrária à cidadania, à extensão da cidadania, ao reconhecimento da dignidade humana, à valorização social de minorias estigmatizadas, como por exemplo, os homossexuais, as comunidades tradicionais de terreiro, adeptos da umbanda, do candomblé, e demais religiões de matriz africana. Essa força política se coloca também contra os direitos da mulher, contra a plena equiparação da igualdade de direitos de gênero, e por fim, acaba se colocando a favor da violência contra a mulher. Então, eu duvido muito que um presidente eleito por essa força política – que é uma força econômica hoje no Brasil, e que tem uma expressão muito grande no Congresso Nacional – que esse presidente defenda direitos humanos de minorias e trabalhe em políticas públicas que venham reconhecer socialmente essas minorias estigmatizadas”, disse, repetindo um discurso proferido no plenário da Câmara em julho, quando afirmou que os cristãos se organizam para violar os direitos humanos.
Sobre a postura pública dos líderes e parlamentares evangélicos de repúdio à violência contra a mulher e homossexuais, Jean Wyllys afirmou que trata-se apenas de fachada: “É claro que essas pessoas vão produzir um discurso que contente, satisfaça, essas pessoas [ativistas] que estão interpelando. Na prática, todos eles são contrários ao financiamento público de campanha, todos eles são a favor do voto distrital – porque permanece a reprodução dos currais eleitorais. Enfim, eles produzem um discurso por um lado, que é pra satisfazer quem está interpelando naquele momento, mas a prática é outra, é contrária ao fortalecimento da laicidade do Estado. Não foi um, nem dois deputados que subiram à tribuna da Câmara dos Deputados para dizer que o papel deles ali era servir Jesus”, criticou.
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