O ativista gay e deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) afirmou que a bancada evangélica na Câmara dos Deputados é formada por parlamentares que possuem envolvimento com corrupção, e que o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) “fantasia” que os evangélicos terão mais força no Congresso a partir de 2015.
As declarações foram dadas ao portal Terra, numa entrevista concedida nesta sexta-feira, 05 de julho. Wyllys diz não se preocupar com um possível crescimento na quantidade de parlamentares evangélicos.
“Não me preocupa. Eu não fico preocupado mesmo. Primeiro tem uma fantasia totalitária, a ideia de que (os evangélicos) vão tomar o País. O grito que eles fizeram na Esplanada dos Ministérios […] ‘Vamos tomar o Brasil, vamos fazer um presidente da República…’ Fantasia totalitária todo mundo tem e ele (Feliciano) tem a sua fantasia de que vai voltar com uma bancada de 180 deputados…”, ironizou o deputado.
Jean Wyllys acusou os parlamentares da bancada evangélica de envolvimento em casos de corrupção nos Estados onde foram eleitos: “É uma bancada atravessada por escândalos de corrupção, se você for puxar a ficha das pessoas que compõem a bancada, são todas envolvidas com escândalos de corrupção, com alguma questão local em seus Estados”.
Sobre o pastor Marco Feliciano ocupar o cargo de presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, Wyllys reconheceu que o pastor “tem legalidade”, mas atacou dizendo que isso não basta.
“Ele chegou (à presidência) legalmente. Ele não tem legitimidade. A gente tirou a legitimidade dele muito com base em uma estratégia minha. Eu que propus essa estratégia. A gente não vai brigar por aquilo que a gente não vai ter. O ideal é que ele saísse da presidência. Ele não vai sair da presidência por orgulho pessoal, por orgulho do partido dele, pelos acordos que foram feitos na base aliada… Ele não vai sair. Então, o que nos resta? É sair da comissão e tirar a legitimidade da comissão”, afirmou.
Wyllys justifica sua saída da CDHM dizendo que se permanecesse, “ela continuaria legítima com um presidente dessa natureza. Como eles têm ampla maioria na Comissão de Direitos Humanos, toda proposição seria derrotada com legitimidade. Então eu falei: vamos sair. E a gente saiu, e criou a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos e [nós] criamos a Subcomissão de Cultura, Direitos Humanos e Minorias”.
Sobre o deputado João Campos, autor do PDC 234/2011, apelidado de “cura gay”, Wyllys disse que não quer “transformar mais um idiota em estrela nacional”, por ter garantias de que o projeto não voltará à pauta da Câmara: “O projeto da cura gay foi jogado do lixo e do lixo ele não vai voltar. O presidente da Casa [deputado Henrique Eduardo Alves, PMDB-RN] disse ontem que enquanto ele for presidente, o projeto não vai, a Mesa Diretora não vai despachar o projeto”, afirmou.
As críticas de Wyllys ainda respingaram na igreja Assembléia de Deus. Perguntado sobre o projeto classificado como “cura gay”, o ex BBB afirmou que o deputado Anderson Ferreira, evangélico da Assembléia de Deus, pertence a uma “seita” que “acha que gay tem que ter cura”. “O Anderson [Ferreira, PP-PE] reapresentou [o projeto] só por uma pirraça e para dar uma satisfação ao mundinho dele, a seita que ele está ligado, que acha que gay tem que ter cura, e com os argumentos mais malucos”, concluiu Jean Wyllys.
O deputado Jean Wyllys também anunciou seu apoio a descriminalização das drogas e do aborto, além da legalização da prostituição, casamento gay e outros temas que a maioria dos cristãos e brasileiros pró-família condenam.
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