Um grupo de cientistas da Universidade de Oxford, Reino Unido, vai gastar dois milhões e meio de euros para descobrir por que é que as pessoas acreditam em Deus.
Os investigadores do Centro Ian Ramsey para a Ciência e Religião e do Centro de Antropologia e da Mente, em Oxford (Reino Unido), vão desenvolver uma “abordagem científica ao porquê de se acreditar em Deus e a outros assuntos em torno da natureza e da origem da crença religiosa”, explicaram na edição de hoje do jornal “The Times”.
Os cientistas não tentarão responder sobre se Deus existe ou não: eles vão investigar se a crença em Deus foi uma vantagem que contribuiu para a sobrevivência e evolução da espécie humana, ou, ao contrário, se a fé é, tal como outras características do Homem, um produto dessa evolução.
“Estamos interessados em explorar exactamente de que forma a crença em Deus é um fenómeno natural [na espécie humana].
Achamos que há mais de natural do que muitas pessoas supõem”, adiantou o psicólogo Justin Barret. O cientista compara os crentes a crianças de três anos de idade, que “assumem que os adultos sabem praticamente tudo o que há para saber”.
Justin Barret, que é cristão, explicou que a tendência das crianças para acreditar na omnisciência dos outros, que é necessária para permitir que os seres humanos socializem e cooperem, é atenuada pela experiência ao longo do crescimento, mas continua no que diz respeito à crença em Deus. “Geralmente ela continua na vida adulta”, afirmou o investigador britânico, rematando: acreditar “é fácil, é intuitivo, é natural”.
O estudo vai também tentar demonstrar se a crença na vida depois da morte é algo que tem de ser ensinado ou se é uma característica inata ao Homem, produto da selecção natural, tal como procurará investigar outras questões, por exemplo se os conflitos religiosos são inerentes à natureza humana.
Os cientistas vão relacionar a religião com a biologia evolutiva, recorrendo ainda a outras disciplinas científicas ligadas à mente, da neurociência à linguística. O estudo conseguiu o financiamento de 2,5 milhões de euros da Fundação John Templeton, que apoia pesquisa em religião, ciência e espiritualidade, e terá a duração de três anos.
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