Por anos, líderes de igrejas vietnamitas deram queixas de abusos de liberdade religiosa aos oficiais do governo e quase nunca receberam respostas. Mas numa mudança extraordinária, os líderes da igreja Vietnamita estão agora entrando com petições às autoridades mais abertamente e internacionalmente.
Em um país que sentenciou o padre Nguyen Van Ly a 15 anos de prisão por escrever a uma agência do governo dos EUA sobre violações dos direitos religiosos, líderes de uma das igrejas reconhecidas no Vietnã estão enviando abertamente cópias de suas petições contra tais abusos não somente para autoridades dos EUA e da União Européia, como para a mídia internacional. (Sentenciado em outubro de 2001, o padre Ly foi libertado como parte da anistia geral no último dia 1º de fevereiro.)
Desde 5 de outubro, o reverendo Phung Quang Huyen e o reverendo Au Quang Vinh, presidente e secretário geral, respectivamente, da Igreja Evangélica do Vietnã (do Norte), incluíram cópias aos governos e mídias estrangeiras nas petições que fizeram em favor dos cristãos perseguidos "hmong".
O reverendo Phung, por exemplo, escreveu uma petição em 8 de novembro às autoridades sobre as tentativas governamentais de forçar sete famílias "hmong" a abrirem mão da sua fé. Ele endereçou a petição ao primeiro ministro e outras seis importantes agências do governo, e abertamente enviou cópias ao escritório da União Européia e Embaixada dos EUA em Hanói, bem como para as agências de notícias internacionais.
A carta - obtida pelo Compass tanto na versão original em vietnamita, quanto a tradução em inglês - traz o relato do cristão "hmong" Trang Seo Dinh, que descreve como as pessoas eram constantemente intimadas a comparecer à delegacia, eram criticadas e espancadas por recusar a abrir mão de sua fé cristã. Trang, da vila Xin Chai, comunidade Ta Cu, distrito Bac Há, na província Lao Cai, identificou os funcionários que o ofenderam.
"A Igreja Evangélica do Vietnã (do Norte) condena com veemência as violações dos direitos humanos descritos acima," escreveu o reverendo Phung. "Nós peticionamos o primeiro-ministro, o Departamento Governamental de Atividades Religiosas e a Polícia da Província de Lao Cai para investigar este caso e punir qualquer indivíduo ou grupo que tenha violado a Constituição e a lei."
Enquanto milhares desses tipos de petições têm sido enviados a autoridades locais e governamentais nos últimos anos e algumas têm sido publicadas fora do Vietnã, isso marca a primeira vez em que líderes eclesiásticos distribuem, simultânea e abertamente, tais cartas de forma tão ampla. Enquanto o padre Ly foi punido gravemente por tais táticas quando estava na prisão, por enquanto as autoridades não tomaram nenhuma atitude contra o presidente da Igreja Evangélica do Vietnã (do Norte), reverendo Phung.
Outros líderes de igrejas estão encarando o desafio de contestar as mentiras, as negativas e as invenções do governo a respeito da liberdade religiosa, e também decidiram fazê-lo no nível internacional. Aumentando mais os riscos, os líderes de igrejas mostram que eles adquiriram conhecimento legal na medida em que suas petições citam artigos do código penal em nomear oficiais que abusam de cristãos.
Pelo menos em parte, a coragem recém-adquirida deriva da crescente frustração com o governo vietnamita, que continua a negar a credibilidade de reportagens sobre sérios abusos de liberdade religiosa enquanto proclama total liberdade religiosa.
Nos últimos dois anos, a ECVN (N) aceitou como membros 981 igrejas de minoria étnica nas províncias do nordeste, sendo a maioria "hmong". O governo não apenas recusou-se em aceitar essas igrejas como legítimas, mas continua a campanha chamada 'Plano 184' para eliminar o cristianismo entre os cristãos "hmong", de acordo com uma declaração recente da Freedom House. Tal atitude contradiz diretamente a legislação recente do Vietnã sobre religião.
Em 8 de novembro, o Departamento de Estado dos EUA nomeou o Vietnã pela segunda vez em sua lista de piores ofensores de liberdade religiosa no mundo, os chamados "países de preocupação específica". No dia 29 de outubro, a agência Presse France noticiou que o Vietnã havia ordenado que os EUA retirassem seu nome da lista negra.
O porta-voz do Ministério Internacional Le Dung declarou, em uma entrevista, em Hanói: "Não existe a tão chamada 'repressão religiosa' a nenhuma religião no Vietnã." Do mesmo modo, no dia 11 de novembro, a Agência de Notícias do Vietnã reagiu furiosamente à contínua inclusão do nome do Vietnã na lista, chamando a ação de "uma violação ao Acordo das Nações Unidas e causando danos aos relacionamentos do Vietnã com os EUA".
Os vietnamitas culparam "as campanhas distorcidas lançadas pelas forças hostis contrárias ao Vietnã".
Ao anunciar a lista de CPC, a secretária de Estado dos EUA Condoleezza Rice reconheceu que o Vietnã teve melhoras. Se essas melhoras continuarem, ela disse, o Vietnã poderá ser retirado da lista.
Fontes do Compass no Vietnã notaram que a nova legislação sobre religião do Vietnã ainda não tem proporcionado as "melhoras" que os Estados Unidos e outros esperavam. "Enquanto uma imensa parte da igreja, tal como um quarto de um milhão de crentes 'hmong', está sujeita a uma específica campanha anticristã do governo, é difícil aceitar as reais 'melhoras' foram feitas", disse uma das fontes.
Uma outra fonte observou: "a posição ocupada pelo Vietnã entre os quatro países do Leste da Ásia na lista negra - ao lado de Coréia do Norte, China e Mianmar - é algo difícil de se orgulhar."
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