Para a congregação da Igreja Evangélica da África Ocidental (ECWA, sigla em inglês) de Gangare, na cidade de Jos, o primeiro sábado de junho trouxe ainda mais dificuldades com a oposição muçulmana.
Membros da igreja tentavam levantar uma cerca de proteção ao redor da igreja quando vários muçulmanos adentraram as instalações e interromperam as obras à força.
"Estávamos cavando uma vala ao redor da propriedade quando uma multidão de muçulmanos invadiu a área da igreja ameaçando queimar o templo, caso não interrompêssemos as obras de levantamento da cerca de proteção", relatou ao Compass um presbítero da igreja, Dauda Mshelia.
Anteriormente, os muçulmanos tinham construído uma casa numa parte do terreno pertencente à igreja. Os cristãos levaram o caso à justiça, que deu parecer favorável aos cristãos.
"Para evitar uma situação que irá gerar um conflito entre nós e os muçulmanos, tivemos que interromper as obras", acrescentou Dauda. "Mesmo agora, existem planos dos muçulmanos de nos atacar a qualquer momento e incendiar as instalações - por isso a polícia vigia nosso templo".
Após o confronto, autoridades do governo do Ministério das Propriedades, Pesquisas e Planejamento Urbano foram até a igreja, em 9 de junho, para se reunir com muçulmanos e cristãos. As autoridades explicaram que a propriedade em questão pertencia à igreja com o respaldo do Certificado de Ocupação número PL 3355.
De acordo com os presbíteros da igreja, os muçulmanos que invadiram a propriedade da igreja removeram os marcos colocados pelo governo que delimitavam o terreno.
Três muçulmanos reivindicam a propriedade - Alhaji Dan Mallam, Kabir Umar e Awaulu - embora não possam provar que são os donos. Eles se negam a obedecer o parecer da Suprema Corte de Jos em favor da igreja.
As autoridades passaram a estar presentes no local, mas o clima continua tenso. Há um medo de que se esse assunto não for resolvido, poderá resultar num clima hostil religioso no Estado.
Sem ceder às intimidações
Membros da igreja estão bem familiarizados com a força da oposição; muçulmanos destruíram o prédio original da igreja depois de um conflito violento em 2001.
"Os muçulmanos dominaram essa área, chamada Gangare, na cidade de Jos", disse um pastor da ECWA, Ver Sani Damisa. "Cristãos foram atacados, casas foram destruídas, e todas as igrejas foram forçadas a se transferir para outras partes da cidade de Jos, com exceção da nossa igreja."
A onda de violência dispersou 280 membros da igreja; recentemente constituída por 120 pessoas apenas. A igreja se transferiu para um novo local que fica a 500 metros de distância da que foi destruída, mas, mesmo no novo prédio, diariamente os membros têm que enfrentar extremistas muçulmanos que atiram pedras na igreja no momento do louvor.
O pastor Damisa disse que a igreja continua em Gangare somente pelo fato de os membros não quererem ceder às intimidações.
"Toda vez que estamos na igreja, os muçulmanos atiram pedras em nossa direção", disse ele. "Às vezes eles sujam as paredes da igreja com fezes."
Nos últimos anos extremistas arrombaram portas e janelas, e muitos pertences que foram levados ainda não foram recuperados.
"Realizar reuniões na igreja à noite está fora de cogitação", disse ele. "Os muçulmanos atacariam com toda certeza."
A igreja tem registrado queixas de perseguição junto às autoridades policiais e ao governo, mas até agora ninguém foi acusado.
Apesar dos esforços para humilhá-los, Ver Damisa diz: "Não podemos desistir de servir a Deus aqui. Estamos determinados a envergonhar satanás. O santuário permanecerá aqui para a glória de Deus".
Um sonho de morte
O reverendo Damisa foi nomeado pastor na igreja somente uma semana antes dos ataques hostis e escapou da morte somente pelo fato de não ter ainda assumido o cargo.
O secretário da igreja, Anthony Oga, não teve a mesma sorte. Martha Oga descreveu como seu marido foi morto. Na noite do dia 6 de setembro de 2001, o casal dormindo quando ela teve um sonho em que a guerra assolava a cidade e seu marido era morto.
"Eu chorava e clamava no sonho quando meu marido me acordou", disse ela. "Ele perguntou o que se passava, e então contei. Ele disse que também estava sonhando quando o meu choro o despertou. Ele não me contou com o que estava sonhando, mas, depois um amigo dele me disse que meu marido tinha sonhado que estava a caminho da igreja quando, de repente, algumas pessoas o viram segurando a Bíblia e o atacaram."
No dia 7 de setembro de 2001, a violência explodiu na cidade de Jos. Mais de mil pessoas foram mortas, e milhares foram desalojados de suas residências. Martha disse que quando surgiu a crise, mulheres e crianças conseguiram escapar para as tendas do exército armadas na região dominada por muçulmanos.
Ela estava num alojamento na noite de 8 de setembro, mas sentiu que tinha que retornar para casa na manhã seguinte. "Não me sentia confortável ficando no alojamento de forma segura enquanto meu marido ficava sozinho em casa. Decidi então voltar".
No caminho de volta, Martha disse que encontrou seu marido se preparando para ir à igreja.
"Disse a ele que não era seguro ir até lá naquele momento - acho que ele estava incomodado com a situação da igreja", disse ela. "Ele queria ir até lá para ter certeza de que o templo não estava queimado, já que ele era o secretário da igreja".
Essa foi a última vez que ela o viu; seu marido foi morto por militantes muçulmanos. "Nós apenas soubemos que ele foi morto, mas nunca mais vi seu corpo", disse ela.
Martha disse que cuidar de seus seis filhos não está sendo uma tarefa fácil; seu filho de quatro anos nasceu dois meses depois que seu pai foi assassinado. Três de seus filhos estão terminando o ensino médio, e os outros três estão no ensino fundamental.
Esse é resultado da guerra civil em Jos. Uma vez que os membros originais da igreja Gangare foram dispersos ou mortos em 2001, o reverendo Damisa observou que as novas famílias que constituem a congregação resolveram não ceder à perseguição.
"A estratégia dos muçulmanos é nos atacar para que fujamos e eles se apropriem das nossas terras, nossas casas, nossos bens e, assim, eles consolidam o domínio na região. Então eles agem da mesma forma no local para onde tivermos fugido", disse ele."Dessa maneira, eles ganham território espalhando os tentáculos do islã. Não achamos sábio que os cristãos deixem tudo toda vez que os muçulmanos atacam. Como podemos fugir da terra que Deus nos deu?"
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