Duas semanas após uma igreja luterana ter sido incendiada por criminosos no subúrbio de Cartum, capital do país, a "unidade nacional do governo" recentemente instalada ainda não reagiu aos pedidos de investigação dos cristãos em relação a esses ataques.
A estrutura principal da igreja - tradicionalmente construída com bambus, madeira e lama - foi completamente queimada no dia 18 de outubro, informou a Compass o reverendo Yousif El-Denger Z. Kodi.
"Estamos todos muito abalados, pois essa é a primeira vez que acontece algo desse tipo", disse o reverendo, que também é secretário da Igreja Luterana do Sudão (LCS).
Uma das quatro igrejas luteranas na capital, a El-Thawra tem uma congregação de 150 a 200 membros, informou Kodi. "No primeiro domingo depois do incêndio, houve o culto mesmo sem nenhuma estrutura na igreja."
"Estamos desde 1980 nesse local adorando o Senhor sem que nenhum cidadão jamais tenha reclamado ou nos feito acusações."
Após o incidente, líderes da igreja luterana fizeram um levantamento com a vizinhança para saber de qualquer suspeito que tenha passado pelo local da igreja antes do incêndio.
"Mas quando
Um dia após o incêndio, líderes da LCS entraram com um processo criminal na delegacia. Desde então, não houve retorno das autoridades.
Na segunda-feira seguinte, 24 de outubro, o reverendo Kodi e Gabareil Bolus relataram o incidente em detalhes ao doutor El-Tayib Zein Al-Abdin, secretário geral do Conselho Inter-Religioso do Sudão (SIRC). De acordo com o reverendo Kodi, o incidente foi discutido por quase uma hora com o oficial da SRIC, que sugeriu que eles tentassem adquirir um terreno próprio em outro local para restabelecer a igreja.
Uma queixa por escrito foi enviada para a SIRC em que os luteranos declaravam possuir uma garantia da unidade governamental de que o crime seria resolvido e que seria providenciada a proteção para todas as igrejas no Sudão.
"É nosso direito sob essa unidade governamental expor esse evento ao mundo", dizia a queixa. "Temos que saber o que aconteceu, é de responsabilidade do governo".
Inaugurado na terceira semana de setembro, o primeiro governo pós-guerra inclui nove ex-rebeldes do Movimento de Libertação Popular do Sudão (SPLM, sigla em inglês) com 16 outros ministros do Partido do Congresso Nacional.
"Como sudanês, cremos que o ato de queimar uma igreja ou mesquita é algo muito estranho", disse o líder luterano ao jornal diário "Khartoum Monitor" no dia 27 de outubro.
"Queremos dizer à Unidade Nacional Governamental que algumas pessoas com más intenções ainda trabalham contra os direitos humanos", continuou o reverendo. "Lamentamos por isso ter ocorrido durante o processo de paz, e no início da unidade governamental".
Kodi afirmou que o único político a visitar o que restou da igreja incendiada até agora foi Philip Magowck, secretário geral da SPLM da região de Omdurman. O reverendo não recebeu nenhuma nota oficial desde a visita dos representantes da SPLM. Nem mesmo um comunicado do governador de Cartum, Abdelhalim Motahfi, oficial responsável pela segurança e pelas investigações policiais na capital.
O acordo de paz assinado entre o governo sudanês e a SPLM em janeiro declara a liberdade de culto como direito básico, garantindo "que todas as pessoas tenham proteção eficaz contra a discriminação de qualquer nível", incluindo a religião.
As tensões religiosas aumentaram com a imposição da lei islâmica sobre o sul do país, de maioria cristã, pelo governo islâmico do norte do país que tem exercido um papel repressor contra os cristãos nos últimos 21 anos de guerra civil, custando a vida de pelo menos dois milhões de pessoas e resultando em quatro milhões de refugiados.
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