A Câmara da Azambuja aguarda obras na fachada do Palácio Pina Manique, oito meses após uma pedra de 20 quilos se ter soltado, levando a ex-Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) a sugerir o seu encerramento.
O presidente da Câmara, Joaquim Ramos (PS), avançou à agência Lusa que solicitou uma segunda reunião com a ministra da Cultura para voltar a sensibilizá-la para a necessidade de avançar com um plano de recuperação do palácio, cuja igreja continua aberta ao culto, sem ter sofrido quaisquer obras de recuperação.
“Há uma zona do palácio no adro da igreja que é uma zona perigosa em termos de eventual queda de pedras e isolámos essa zona” alerta o autarca, explicando que é “uma zona muito frequentada”, embora “o interior da igreja em si não tenha problemas”.
Datado do século XVIII, o Palácio Pina Manique, edifício histórico inacabado contíguo à igreja, não sofre obras há mais de três décadas, pelo que a autarquia desde há cinco anos que tem vindo a pedir uma intervenção de modo a travar o estado avançado de degradação.
“Os planos que nós temos é que fossem feitas a recuperação e consolidação da fachada e uma intervenção ao nível da cobertura da igreja”, explicou o presidente da Câmara, acrescentando tratar-se de uma “obra avultada” para a qual a autarquia não dispõe de verbas suficientes.“Não podemos passar a vida a transferir responsabilidades do Estado para as autarquias porque a Câmara nem tem jurisdição sobre o palácio”, sublinhou.
O estado de degradação do exterior da igreja, que coloca em causa a segurança de pessoas e bens, merece também a preocupação do presidente da Junta de Freguesia de Manique do Intendente, Herculano Martins (CDU), que revelou que “na parte do relógio [fachada] continuam a cair pedras”.
O presidente da Câmara informou que o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR)”, entidade que sucede ao Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), “já tem orçamento para a consolidação da fachada”, mas, apesar das promessas, a rubrica não está ainda orçamentada no Plano de Investimentos e Despesas da Administração Central (PIDDAC) para 2008.
Segundo um ofício datado de Setembro a que a Lusa teve acesso, o IGESPAR informou a Câmara de um relatório enviado em Maio pela Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo (DRC-LVT), que reconhece que, depois da queda do pedregulho, “nada impede que outros se venham a desprender”, colocando a possibilidade de haver um “desmoronamento a médio prazo”.
A DRC-LVT recomenda a “interdição de pessoas junto à fachada” do imóvel e a execução de um projecto de recuperação, apesar de não dispor para já (devido às mudanças decorrentes na nova estrutura orgânica) de meios financeiros para uma intervenção de emergência, avaliada em 30 mil euros.
Quanto ao encerramento da igreja ao culto, para evitar a passagem de pessoas no adro, a autarquia remete o assunto para o Patriarcado que, por sua vez, reencaminha para a paróquia de S. Pedro de Arrifana/Manique do Intendente.
A Lusa tentou contactar o pároco responsável, Paulo Alcoentre, mas tal não foi possível até ao momento.
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