Os escândalos envolvendo padres da Igreja Católica nos Estados Unidos continuam marcando os debates sociais no país. A suspeita de que a instituição tenha agido, localmente, para abafar casos de abusos e ocultou o nome de mais de 500 padres suspeitos de praticarem abusos sexuais contra crianças ou desconsiderar as queixas recebidas.
Lisa Madigan, procuradora-geral do estado de Illinois, acusou a Igreja Católica da região de ter agido de forma deliberada para abafar os escândalos. “[A Igreja] muito frequentemente ignorou sobreviventes de ataques sexuais cometidos por clérigos”, disse ela, que começou a investigar os casos em agosto de 2018, quando um relatório da Suprema Corte da Pensilvânia acusou 301 “padres predadores” de terem praticado abusos contra mais de mil menores.
Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, inicialmente apenas duas das seis dioceses reagiram à investigação de Lisa Madigan e apresentaram uma lista com cléricos que sofreram acusações críveis de abusos de crianças. Em seguida, as outras dioceses – que funcionam como sedes regionais – apresentaram listas semelhantes.
A Procuradoria Geral recebeu a identificação de 185 membros da Igreja Católica no estado que teriam sido acusados de praticarem abusos. No entanto, aprofundando a investigação, descobriu-se que pelo menos outros 500 integrantes do clero católico em Illinois tiveram seus nomes ocultados, e consequentemente, não foram investigados adequadamente.
Em alguns episódios de suposto abuso sexual infantil, a Igreja não notificou as autoridades legais ou os serviços responsáveis por crianças e famílias, alegando que o padre ou clérigo já tinha morrido ou renunciado quando o caso veio à tona.
“Ao escolher não investigar cuidadosamente as acusações, a Igreja Católica falhou em sua obrigação moral de fornecer aos sobreviventes, paroquianos e ao público uma contabilidade precisa de todos os comportamentos sexuais inadequados envolvendo padres em Illinois”, criticou Madigan, pontuando que esse comportamento demonstrou uma ausência de compromisso da Igreja para punir os abusos.
O arcebispo de Chicago, cardeal Blase Cupich, divulgou comunicado expressando “profundo arrependimento de toda a Igreja por nossos fracassos em combater o flagelo do abuso sexual cometido por clérigos”, e acrescentou: “É a coragem de sobreviventes que lançou luz purificadora neste capítulo sombrio da história da Igreja”.
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