A arte sequencial, mais conhecida por todos como Histórias em Quadrinhos, chegou ao Brasil no início do século XX. São desenhos em seqüência que narram uma história, um poema, um conto. As HQs podem ter balões contendo o texto ou podem ser meramente visuais. Além de as histórias em quadrinhos serem uma forma de entretenimento, elas podem ter um caráter informativo, como os utilizados para prevenção de acidentes de trabalho e de doenças ou os informativos de trânsito.
Mas, com o advento da internet, os quadrinhos estão também na rede. Centenas de sites pelo mundo tratam do tema. Seja mostrando novos talentos ou divulgando os já existentes. O Portal Elnet trouxe uma matéria superinteressante com o ilustrador e quadrinista Gade (pseudônimo), que desenvolveu uma tira fazendo menção à Igreja Perseguida. Com o objetivo de abençoar vidas e mostrar essa realidade desconhecida por alguns, este irmão, que congrega na Igreja Batista, fez uma explanação sobre História em Quadrinhos e de como se envolveu com a causa do Portas Abertas. Confira abaixo:
Antes de falar do “Vasos de Barro” em si, acho que vale a pena uma palavrinha sobre as “histórias em quadrinhos”, até porque eu acredito que todo esse desejo humano de contar histórias e o prazer em ouvi-las, assití-las ou lê-las, dependendo da mídia que ela se apresenta, é um reflexo direto da natureza de Deus. Vejo Deus como o Grande Narrador e as histórias como chaves que abrem nossas almas para a Sua voz. O próprio Velho Testamento, Palavra de Deus, é composto quase que totalmente por histórias que nos transmitem ensinamentos durante cenas grandiosas vividas por personagens cativantes. Profetas como Jeremias e Ezequiel, inspirados por Deus, foram bem além da oratória e compuseram canções, dramatizaram situações e criaram narrativas metafóricas (algumas até pesadas demais para serem lidas em alta voz) para transmitir suas mensagens ao público. No novo testamento também, o próprio Filho de Deus, Jesus, escolheu as histórias parabólicas como método de ensino, e claro, isso não foi à toa, já que foi Ele mesmo quem criou a mente humana e sabe como ela funciona.
Quanto às modernas HQs, apesar de serem discriminadas pela mídia literária devido suas associações aos populares gibis de super-heróis e histórias infantis, elas têm um grande potencial a ser explorado como meio de comunicação entre todas as faixas etárias e estão aí para mostrar que texto e arte podem andar lado a lado, popularizando assuntos teológicos e levando testemunhos e mensagens de salvação a diversos grupos de leitores sem perder a profundidade do tema abordado. Nessa época pós-moderna com “out-doors” gigantes, a linguagem rápida da TV e o hyper-texto cercado de imagens digitais, as Narrações Gráficas podem se tornar uma valiosa ferramenta a serviço do Evangelho. Sem dizer também que as HQs tornam possível a comunicação de idéias e histórias inteiras sem usar uma única palavra. Um mesmo impresso pode transmitir a mesma mensagem para diversos povos do mundo que falam idiomas diferentes.
Como surgiu a idéia?
Há alguns anos atrás eu conheci o ministério Portas Abertas onde aprendi um pouco sobre a realidade da igreja perseguida. Esse contato me impactou fortemente, de forma que comecei a pensar em como eu poderia ser útil nessa causa. Um tempo depois, lendo a as cartas de Paulo, eu percebi que prestar ajuda aos perseguidos era muito mais do que apoiar uma causa ou fazer trabalho social. Em Cristo, não importa onde estamos geograficamente localizados, qual o nosso nível social e intelectual ou nossa etnia, todos fazemos parte do mesmo corpo e somos ligados como membros pelo precioso sangue redentor do Senhor Jesus que circula entre nós pela unidade. Essa compreensão me ensinou que enquanto existir um cristão sendo perseguido, humilhado ou torturado, eu também sou com ele em espírito. Daí “brotou” a idéia. Como já produzia outras obras, decidi criar uma narrativa gráfica que retratasse essa mensagem sobre unidade na adversidade.
Por que o nome Vasos de Barro?
A idéia da criação dessa narrativa se completou quando eu li o capítulo 4 de 2 Coríntios, que fala sobre o tesouro em vasos de barro. O conhecimento da glória de Deus, que é o tesouro que mantém o homem fiel, negando o mundo, a carne e o pecado, é visto na vida de pessoas que mesmo exauridas, perseguidas e feridas, entregam-se à morte diariamente por amor ao verdadeiro Evangelho do Reino. Eles não são super-homens, são Vasos de Barro que mostram que esse poder não provém deles, mas de Deus. Esses Vasos de Barro não seguem a Cristo “por causa de…”, mas “apesar de…”. São heróis da fé.
Qual a intenção do trabalho?
Além de tentar despertar a percepção da Igreja sobre o real contato que devemos ter com nossos irmãos que moram em países de forte perseguição, estreitando assim os nossos “laços”, esse trabalho tende a representar o verdadeiro Evangelho do Reino através do testemunho da perseverança na perseguição como uma evidência da natureza de Cristo. Como consta em 2 Timóteo 3:12, “De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”.
As histórias terão continuidade?
Em breve publicarei novos títulos. Alguns deles se fecham em si mesmo, mas planejo também produzir séries com freqüência semanal ou mensal no formato de tiras ou páginas soltas.
Qual a sua relação com o Portas Abertas?
Essa parceria aconteceu porque, enquanto eu produzia essa obra, percebi que ela poderia ir além, apresentando um conteúdo informativo bem mais vasto para aqueles que, conhecendo a igreja perseguida através desse trabalho, desejassem mais informações sobre ela. Como eu queria realizar uma apresentação simples, achei melhor anexar as informações no trabalho, buscando-as diretamente de quem mais entendia do assunto. Foi aí que eu contatei o Underground (divisão jovem do Portas Abertas), apresentei o projeto, e recebi deles esse apoio. Também recebi apoio do escritor Rubem Amorese que compôs a canção “Bendirei” que usei como trilha sonora do “Vasos de Barro”. Embora tenha usado apenas a melodia, a letra foi inspirada no salmo 34, que é muito pertinente ao tema.
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