Quatro homens hindus identificados por eles mesmos como membros da organização extremista Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS) e da Bajrang Dal, interromperam uma reunião de oração em Madhya Pradesh, no dia 23 de fevereiro. Eles agrediram fisicamente com pedaços de madeiras alguns dos 25 cristãos que estavam reunidos. Cristãos que estavam nessa reunião dizem que a polícia falhou por não intervir ou protegê-los.
A reunião de oração, organizada por uma sociedade autorizada cristã, Nav Jyoti Ashram, foi realizada na varanda de uma casa pertencente a Achche Lal Jharia, o único cristão da vila. Com a presença de dois policiais que foram chamados para garantir a segurança dos cristãos.
"A Igreja Jeevan Jyoti obteve permissão das autoridades da vila bem como da polícia local para que a reunião de oração fosse realizada", disse Mr K.L. Sondhiya, um idoso da igreja. "O ataque ocorreu na presença de dois oficiais".
"Os extremistas gritavam, Jai Shri Ram (Vida Longa A Rama)", acrescentou Sondhiya.
"Inicialmente somente quarto pessoas vieram interromper a reunião, mas uma hora depois, cerca de sessenta pessoas também apareceram".
"Eles disseram aos cristãos, 'Já que podemos atacá-los na frente da polícia, para quem irão vocês reclamar?' Surpreendentemente, a oficiais da polícia ficaram apáticos frente a esta situação".
Jharia, 75 anos, recebeu vários ferimentos no nariz e acima do olho esquerdo. Ratan Arjune, um cristão da vila de Jabalpur, ficou com ferimentos na perna e nos braços. Uma senhora foi agredida no peito e o Pr Amos Singh, fundador e presidente da Nav Jyoti Ashram, e outros foram também maltratados.
A polícia inicialmente recusou a aceitar Registro de Queixa (FIR). "Foi só depois que reclamamos ao superintendente que nossa FIR foi alocada", disse Sondhiya. "E a polícia só passou a cópia da FIR no dia 28 de fevereiro".
Desde então, hindus locais alertaram os cristãos a retirarem a queixa, ameaçando matar e queimar as casas de Jharia e dos outros cristãos.
No dia vinte e cinco de fevereiro, a polícia prendeu dois dos acusados, Gyan Chand Jain e Ram Naresh Raí. O promotor público aceitou o caso e a primeira audiência está marcada para o dia nove de maio.
Entretanto, a polícia local passou a negar a acusação de negligência. O superintendente da polícia Deen Niwas Rao disse à CompassDirect, "caso a polícia estivesse lá, eles teriam impedido os atos violentos".
R. G. Srivastava, delegado titular da unidade Dhanura, disse a Compass, "Nós fomos informados pelos cristãos que estavam reunidos para orar e uma equipe policial foi deslocada para lá. O ataque aconteceu enquanto a equipe saiu para almoçar, mais ou menos 16:00h, já que os cristãos disseram que teriam seu principal culto as 20:00h".
"Quando ficamos sabendo do ataque, enviamos os cristãos com ferimentos para exame médico e registramos os extremistas nos códigos penais. Houve um boato que a agenda da reunião dos cristãos em Dhanura, onde os hindus são a maioria, era para converter os hindus ao cristianismo" disse Srivastava. "Por conseqüência, várias pessoas foram ao encontro para ver o que aconteceria, e as duas partes acabaram entrando em conflito".
Os cristãos compreendem menos de 1% da população em Madhya Pradesh, enquanto que os hindus compreendem 92%. O estado, cujo governo local ainda é regido pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata, é conhecido por perseguir a minoria cristã.
Enquanto isso, representantes do Fórum Cristão Unido da Índia, o Conselho Cristão da Índia e a União Católica da Índia apresentaram um papel não oficial ao Premier Dr Manmohan Singh no dia onze de março.
O documento listava mais de duzentas ações violentas contra cristãos nas primeiras dez semanas de 2005. Os ataques foram principalmente nos estados de Gujarat, Rajasthan, Orissa, Chhatisgarh, Jharkhand e Madhya Pradesh, embora a violência esporádica também ocorresse em Karnataka, Tamil Nadu, Maharasthra e em Kerala.
Um memorando ressaltou que embora o atual governo prometera proteger as minorias, a violência contra os cristãos parece ter aumentado, ao invés de diminuir.
Por exemplo, em Rajasthan, a Sangh Parivar ameaçou fazer do distrito de Banswara uma área livre para os cristãos, declarava o memorando. Essa promessa foi acompanhada por atos violentos. O governo local, ao invés de impedir a violência, está até mesmo ameaçando a comunidade e anunciou que vai entrar com uma lei anti-conversão".
"O governo federal deve urgentemente convocar os governos locais - que controla a lei, a ordem e a educação - para garantir a segurança das minorias, proteção das igrejas e a prisão de extremistas", concluiu o memorando".
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