O rígido controle do governo chinês sobre a imprensa deve se tornar ainda maior: um projeto de lei propõe multas que variam de 50 mil a 100 mil iuans (de 6.250 a 12.500 dólares) para quem publicar reportagens não-autorizadas sobre emergências. A multa poderá ser aplicada não apenas aos veículos locais, mas também a órgãos da mídia internacional, incluindo as agências de Hong Kong.
O comunicado foi feito por Wang Yongqing, vice-diretor do Gabinete do Conselho Estadual de Assuntos Legislativos. Wang Yongqing disse que a lei é apenas um meio de combater o jornalismo irresponsável, que espalha notícias mentirosas e causa "graves conseqüências sociais".
O Congresso Nacional do Povo está debatendo o projeto de lei, que pode entrar em vigor no próximo ano. O projeto proíbe a mídia de publicar notícias sobre "situações de emergência" sem primeiro ouvir opiniões dos líderes locais. A lista de emergências relacionadas pela lei inclui: desastres naturais, risco de saúde pública e "crises sociais envolvendo segurança", entre as quais estão os confrontos entre camponeses e a polícia.
O acelerado desenvolvimento econômico das últimas décadas tem em sua origem muitas revoltas sociais, as quais estão sempre se multiplicando; e vários desastres ecológicos, fontes de preocupação para o povo e de muito motivo para criticar o governo.
Sem dúvida, a lei tem o objetivo de colocar um freio nas notícias sensacionalistas, mas arrisca produzir um obscurecimento nas informações. O governo chinês, por tradição, procura sempre diminuir a importância das crises.
Perseguição é "segredo de Estado"
Li Datong, ex-editor do suplemento "Bingdian" - demitido por ser muito franco em suas investigações e liberal em suas interpretações - disse ao "South China Morning Post": "Todos sabemos que a primeira resposta do governo a uma emergência pública é mentir. Por exemplo, no começo, eles negaram, durante cinco meses, que havia uma epidemia de SARS , Quando eles cortaram o fornecimento de água em Harbin, depois do derramamento de químicos no rio Shongua, primeiro, eles alegaram que estavam apenas fazendo reparos na tubulação".
A China já possui outras leis que protegem os chamados "segredos de Estado" que prescrevem longas penas para quem os publica na mídia. Notícias sobre a perseguição religiosa estão listadas entre esses "segredos".
Mesmo a internet tem sido cada vez mais monitorada. Recentemente, Cai Wu, um porta-voz do governo, disse que o governo queria começar a censurar "informações prejudiciais" difundidas pelos blogs. Há um planejamento para registrar todos os blogs e sites em que os chineses possam conversar on-line. Existem pelos menos 60 milhões de blogs na China.
Ao mesmo tempo, a censura de sites de busca continua, bloqueando palavras e expressões como democracia, Tibete, Taiwan e perseguição religiosa. Recentemente, alguns jovens digitaram o endereço eletrônico do AsiaNews (normalmente bloqueado) em um cyber café em Pequim. A página aparecia por 30 segundos e então desaparecia. Para ler um parágrafo de uma notícia foi necessário continuar digitando o endereço eletrônico. Em pouco tempo, dois policiais apareceram para examinar o local.
Muitos observadores dizem que o empenho da China em censurar a internet é praticamente inútil: muitos chineses possuem programas que possibilitam driblar os filtros da web.
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