As escolas da Grã-Bretanha poderão proibir alunas de usarem véus que cobrem o rosto, graças a novas diretrizes que estão sendo introduzidas pelo governo nesta semana.
As diretrizes recomendam que as escolas se empenhem em permitir que os alunos se vistam de acordo com sua religão, mas desde que professores possam ver o rosto dos alunos.
O assunto vem causando grande debate no país e vários casos ligados à proibição de véu nas escolas tem parado na Justiça.
Em outubro, o líder da Câmara dos Comuns do Parlamento britânico, Jack Straw, gerou polêmica ao dizer que o uso do véu tornava as relações comunitárias mais difíceis.
Em fevereiro, a Suprema Corte recusou o apelo de uma aluna de 12 anos para que sua escola em Buckinghamshire permitisse o uso da vestimenta.
Foi esse caso que motivou o governo a estabelecer as novas diretrizes sobre os uniformes escolares.
A Comissão Islâmica de Direitos Humanos disse que as novas diretrizes são chocantes.
Comunicação
A escola de Buckinghamshire que pribiu o uso do véu, disse que ele atrapalha a comunicação entre os professores e os alunos, prejudicando o aprendizado.
Os professores, segundo a escola, precisam saber se um aluno está entusiasmado, prestando atenção ou se está angustiado.
"Se o rosto de um aluno está escondido por qualquer motivo, o professor pode não conseguir avaliar o engajamento dele com o aprendizado ou garantir a participação desse estudante nas discussões e atividades práticas", disse a diretora da escola, que também não pode ser identificada.
A expectativa é que esse também seja um dos argumentos do governo para justificar as diretrizes, que serão divulgadas oficialmente nesta terça-feira. Outro argumento deve ser o da necessidade de identificar os estudantes para manter a ordem e evitar a circulação de invasores na escola.
O presidente da Comissão Islâmica de Direitos Humanos, Massoud Shadjareh, disse que as diretrizes são "chocantes".
O Conselho Britânico de Muçulmanos ainda não fez nenhum comentário sobre o assunto, mas em fevereiro havia feito um apelo para que as escolas levassem em conta o fato de que as muçulmanas precisam se vestir de forma modesta, evitando roupas justas e transparentes.
A questão dos véus islâmicos nas escolas também gerou polêmica e manifestações na França. Em 2004, o país implementou uma lei proibindo o uso de símbolos religiosos ostensivos nas escolas públicas.
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