Seis meses após uma gangue de jovens muçulmanos destruírem uma igreja no norte do Quênia, os cristãos, que ainda cultuam a céu aberto no calor intenso, dizem estar desapontados, pois os oficiais não fizeram nada para punir os culpados ou reconstruir o prédio.
Em um dia ensolarado de setembro, quando jovens muçulmanos enfurecidos expulsaram mais de 400 membros da igreja Redeemed Gospel de seu templo, os cristãos esperavam que pudessem retornar a seu prédio reconstruído. Essa expectativa deu lugar à raiva, desesperança e desespero.
“Depois de seis meses ao ar livre, a igreja se sente cansada e enganada”, conta o pastor David Matolo. “Estamos cheios de promessas vazias feitas pela administração do governo.”
“Nossa membresia diminuiu muito, e estou muito preocupado”, afirma. “A igreja acha que o governo está ganhando tempo – quase todos os meses tenho reuniões com as autoridades, que, em muitas ocasiões se fizeram de surdos conosco.”
Desde o ataque, os membros da congregação tem se reunido em um local para shows da cidade. Próximo a fronteira da Somália, o terreno tem algumas árvores para proteger as pessoas do sol escaldante, com temperaturas que vão de 30º a 40º Celsius.
Quando questionado sobre o porquê de os oficiais estarem relutantes em garantir um local permanente para a igreja como prometido, Matolo não hesitou em responder. “A administração decidiu ‘kutesa’ [nos fazer sofrer], sempre fazendo promessas que nunca cumprem”, diz. “Há momentos que o diretor decide simplesmente não atender meus telefonemas. Eu tive uma experiência muito dolorosa.”
Matolo disse ter pedido para que a administração permita que a igreja construa um novo templo em uma nova propriedade, ou que devolvam o terreno anterior. “Estamos preparados para qualquer eventualidade. Sentimos que a administração não está preocupada com nosso bem-estar espiritual”, declara.
Quanto às queixas feitas pelo pastor, o delegado da província disse: “A questão não está registrado em minha agenda, mas a autoridade provincial deverá resolver.”
Mas a autoridade da província, Stephen Maingi, disse que o oficial do distrito é que deveria solucionar o caso: “Deixe que o distrito resolva esse problema com o pastor.”
Por sua vez, o oficial do distrito, Onyango Ogango, indicou a igreja como a principal fonte de problemas: “Se a igreja puder voltar para seu terreno antigo, vai irromper uma disputa com os muçulmanos. A igreja iniciou muito bem, com cultos controlados, mas depois, as orações eram barulhentas e as músicas muito altas”.
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