O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, fez um apelo nesta sexta-feira (23) para que a população fluminense economize água, mas voltou a descartar mudanças nos valores cobrados. Na quarta-feira (21), o nível do reservatório de Paraibuna, o maior de quatro que abastecem o estado do Rio de Janeiro, atingiu o volume morto pela primeira vez desde que foi criado, em 1978. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a usina hidroelétrica foi desligada após o nível atingir zero.
"Temos feito reuniões duas, três vezes por semana. Queremos alertar cada vez mais a população de que a gente vive um momento como nunca vivenciamos nessa questão da seca, da gente racionalizar, economizar. Esse ano eu acredito que dê para atravessar com os volumes que a gente tem nos nossos reservatórios, tanto na represa de Ribeirão das Lages como no Rio Paraíba do Sul e seus afluentes, que a gente consiga passar por esse ano", afirmou Pezão.
Ele afirmou que o governo vai investir em campanhas para a população poupar água, mas descartou aumentos.
"Não está previsto aumento, exceto nos períodos dos reajustes. Mas a gente não quer tomar essa medida, acho que nesse momento não é necessário. Uns defendem, mas o presidente da Cedae acha que não é necessária essa medida no momento e eu não pretendo mudar nesse momento, mas faço um apelo que a gente economize e não desperdice água", acrescentou, antes da cerimônia de posse do procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira.
Mais cedo secretário, o estadual de Ambiente do Rio de Janeiro, André Correa, afirmou que empresas na ponta do Rio Paraíba do Sul podem ter, em curto prazo, o funcionamento interrompido por causa da estiagem que atinge o estado. Ele admitiu que a Cedae tem um plano de racionamento guardado para o caso da situação piorar.
“O Rio Paraíba do Sul é usado para geração de energia, para irrigação, para abastecimento industrial, então, por exemplo, podemos ter num curto prazo, problemas com empresas que estão na bacia do Guandu, no final da bacia do Guandu, depois de onde a Cedae capta água. Nós podemos chegar num prazo curto e dizer para ela que elas vão ter que parar de operar”, alertou Corrêa, enfatizando que o abastecimento humano vai ser priorizado.
Técnicos da secretaria do Ambiente dizem que com o volume morto desse reservatório dá para garantir as operações por, no mínimo, mais seis meses. “O grande problema é que, na lógica, nós estamos no período de chuva. O problema é quanto de água nós vamos armazenar para enfrentar o período de seca”, ressaltou o secretário, enfatizando que o ano de 2015 será de grandes mudanças e, possivelmente, o mais crítico.
Maior crise hídrica dos últimos 84 anos
Segundo o secretário, o Rio esta é a maior crise hídrica de estiagem dos últimos 84 anos, época em que a medição começou a ser feita. “Não descartamos nenhuma possibilidade, dependendo do prazo, de fazer medidas de contenção e de racionamento”, garantiu Corrêa, ressaltando que a Cedae tem todas as medidas de contingência para serem tomadas em casos emergenciais.
O secretário também atribuiu parte da responsabilidade pela crise hídrica à má administração dos reservatórios do Paraíba do Sul. Segundo ele, desde a crise, através de manobras feitas nos reservatórios, já se economizou 400 milhões de litros d’água.
A não taxação da água de forma individual, como acontece nos condomínios, será revista a médio e longo prazo. Mas de imediato, segundo o governo do estado, a única medida é economizar água.
Sobre aumento de tarifa no caso de racionamento de água, ele destacou que defende a criação de uma tarifa diferenciada para os consumidores. “Essa é uma discussão que eu estou fazendo. Eu acho que temos que ter um modelo claro de tarifa. Aquelas que consomem dentro de um parâmetro técnico que foi estabelecido a partir desse debate, elas têm um desconto. Agora o cara que é ‘gastão’ têm uma sobretaxa”, defendeu Corrêa, que está começando a discutir esse assunto com o Governo do Estado.
O secretário ainda fez um alerta para a população. “Nada tranquiliza. Nós vivemos um momento crítico. Ou a gente tem essa consciência coletiva ou a gente não descarta nenhuma possibilidade.
Empresários alertados
Segundo o governador, há dois anos os empresários estão sendo alertados sobre a questão da crise hídrica. Ainda de acordo com Pezão, eles foram orientados a fazer novas captações para que não fossem afetados no caso da estiagem continuar.
"Isso a gente vem alertando há muito tempo. Há cerca de um ano e meio ou dois que a gente fala. Eles estão sendo alertados para realizar algumas obras e a gente tem uma série de medidas a serem tomadas como água de reuso da estação Alegria para fortalecer esse abastecimento na Região Metropolitana", disse o governador.
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