O combate à dependência alcoólica e química durante o próximo governo deverá ser uma das marcas da atuação na área social. O futuro ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB-RS), declarou que estuda restringir a venda de bebidas alcoólicas como forma de reduzir acidentes e casos de violência em geral.
Terra é médico de formação e deputado federal, e foi convidado pelo presidente eleito para administrar o “monstro” que será o futuro Ministério da Cidadania, uma nova pasta que reunirá os atuais ministérios do Desenvolvimento Social, Cultura e Esporte.
Opositor ao consumo de drogas e bebidas alcoólicas, o futuro ministro diz que sua postura radical neste assunto tem embasamento na neurociência, seu campo de formação na medicina. Em entrevista ao jornal O Globo, disse que sua proposta é criar uma forma de limitar os horários de venda de bebidas alcoólicas em determinadas áreas do país.
“Antes de sair do governo Temer, fui à Islândia conhecer o programa de juventude que mais reduziu o consumo de drogas na Europa. Eles saíram da juventude que mais usava drogas para a que menos usa hoje. O eixo principal é o esporte, a música e a dança. Ele mantém o pessoal permanentemente ocupado. É claro que é um país de 500 mil habitantes. Eles têm circunstâncias diferentes. Não deixam expor bebidas alcoólicas em nenhum lugar, têm um toque de recolher. Depois das 22h00, jovens com menos de 18 anos não podem andar sozinhos na rua. Claro que é uma realidade bem diferente. Mas aqui, por exemplo, se reduzir o horário de venda de bebidas alcoólicas em restaurante, em bar, é uma coisa que se pode pensar. Podemos fazer junto com o Moro, na Justiça, uma política de redução da violência”, explicou Osmar Terra.
A proposta, explicou Terra, é se inspirar na chamada “lei seca” adotada por uma cidade da Região Metropolitana de São Paulo, Diadema, que estabeleceu limite de horário para venda de bebidas, e com isso conseguiu reduzir o número de mortes de forma considerável em poucos anos.
“A maior parte dos acidentes e mortes causadas por pessoas embriagadas acontecem sempre depois da meia-noite. Acho que podemos colocar alguns limites para venda de bebidas em lugares mais violentos. Não precisa ser em todo o país. Dá para mapear a violência”, contextualizou o futuro ministro.
“Há lugares que têm mais homicídios. A experiência de Diadema (SP) está publicada em livros. Reduziu muito o número de homicídios. Era a cidade que mais tinha homicídios em São Paulo e hoje é das que têm menos. A bebida ajuda, né. Diadema colocou até meia-noite, uma da manhã o limite. Depois disso, não se pode vender”, acrescentou.
Segundo Osmar Terra, a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro, terá um papel de atuação no governo, sem cargo, como ela própria já havia indicado numa entrevista concedida logo após a eleição: “Ela mostrou interesse nas pessoas com necessidades especiais. A parte mais vulnerável da sociedade. Vai participar de tudo que tiver nessa área, vai dar apoio nos anúncios, divulgação… A primeira-dama tem um poder de divulgação enorme”, pontuou.
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