Fundamentalistas hindus acusaram padres católicos do estupro e morte de uma adolescente em Madhya Pradesh no dia 3 de março. Entretanto, a comunidade católica rejeita as acusações, dizendo que a morte da garota é um caso claro de suicídio.
Geeta Devi Saket era uma estudante Dalit (casta inferior) do Internato de Meninas de Deosar, administrado pela diocese católica de Satna.
O padre Raju Matthew, clérigo do internato, disse que uma empregada encontrou o corpo da menina enforcado no batente de ferro da porta do banheiro do dormitório por volta das 19:00h de 3 de março.
Ativistas do Bajrang Dal, a ala jovem do Vishwa Hindu Parishad (VHP ou Conselho Hindu Mundial), atacou os padres católicos e outros obreiros da igreja no dia 4 de março porque consideraram os clérigos responsáveis pela morte da menina de 15 anos.
No momento do ataque, o padre Thomas Thelakkatt e vários outros obreiros da igreja estavam tentando levar o corpo de Geeta para um hospital público próximo para ser feita uma autópsia, de acordo com uma reportagem do Asia News.
O padre Thomas foi gravemente ferido no ataque e ficou inconsciente. Os outros escaparam ilesos e depois levaram Thelakkatt para a propriedade da missão num veículo da igreja.
No começo do ataque, sabe-se que os agressores disseram a Thomas que eles logo iam mostrar o poder do Bajrang Dal. Alguns minutos depois, o líder local deles foi até o padre e o esbofeteou em ambas as faces.
Eu não me lembro de quantas vezes fui espancado, disse Thomas. Tudo o que sei é que depois minha camisa e meu lenço estavam encharcados de sangue do meu nariz e da minha boca.
Devendra Dwivedi, autoridade do vilarejo de Odgady, onde Geeta mora, acredita que os padres são responsáveis pela morte da garota. Os padres sabem a respeito do incidente e são responsáveis pelo estupro e morte da menina, alegou ele.
Devendra, que liderou o grupo de manifestantes do Bajrang Dal que atacou Thomas, insistiu para que a autópsia fosse feita no principal hospital do distrito em Siddhi, a 40 quilômetros de Deosar.
Devendra e seu grupo tiraram o corpo de Geeta dos padres católicos, colocaram-no em outro veículo da igreja e o levaram para o hospital em Siddhi. O relatório da autópsia confirmou que Geeta havia cometido suicídio e que não havia acontecido estupro.
O relatório pós-morte revelou a evidência conclusiva que a garota cometera suicídio, e que não houve estupro como foi alegado por certos grupos de pessoas, disse Mayank Jain, superintendente de polícia do distrito de Siddhi.
O bispo Matthew Vaniakizhakkel, diocese de Satna, viajou para a propriedade da missão no dia 4 de março para ajudar os obreiros da igreja a resolverem a controvérsia. Estamos sendo assediados e atormentados sem motivo, disse ele à imprensa. É um infortúnio que os missionários estejam sendo vitimados e acusados pelo que não fizeram.
A situação em Deosar permaneceu tensa na semana seguinte ao incidente. A polícia ordenou que o padre Thomas permanecesse na propriedade, apesar de precisar de cuidados médicos. Outro funcionário da igreja, incluindo o bispo Matthew, também foram confinados à propriedade da missão.
Quando Portas Abertas falou com os oficiais da igreja na segunda semana de março, a situação estava aos poucos voltando ao normal. O padre Thomas está se recuperando e o bispo Vaniakizhakkel voltou ao escritório de sua diocese, disse Raju.
O Estado de Madhya Pradesh mal se recuperou de um incidente anterior em janeiro, quando o corpo de uma menina de nove anos foi encontrado na propriedade de uma missão católica em Jhabua. Apesar da detenção de um homem que assumiu a responsabilidade pelo assassinato, alguns hindus ainda alegam que os oficiais católicos da escola são responsáveis pela morte da menina.
As autoridades católicas temem mais distúrbios com a aproximação das eleições gerais na Índia, programadas para começarem em 10 de abril. Os cristãos acreditam que grupos hindus estejam tentando polarizar os eleitores para os assuntos religiosos.
A Sra. Uma Bharti, ministra chefe do Partido Bharatiya Janata (PBJ) de Madhya Pradesh, apoia abertamente a agenda dos grupos nacionalistas hindus. Desde sua nomeação em janeiro, o Estado tem testemunhado um forte aumento das atividades de hindus fundamentalistas. Os cristãos de Madhya Pradesh temem ataques como o que aconteceu contra Thomas continuem até que as eleições terminem.
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