Um importante cardeal católico afirmou que o fim do comunismo na Europa não foi positivo para a Igreja Católica, pois reacendeu debates e tensões entre o Vaticano e a Igreja Ortodoxa Russa.
O fim do comunismo no Velho Continente completou 25 anos na última semana, e o cardeal Kurt Koch (foto), principal autoridade da Igreja Católica para as relações entre Igrejas, afirmou que o ressurgimento das Igrejas Católicas do Oriente, na Ucrânia e na Romênia, após décadas de repressão dos governos comunistas, tiveram resultado oposto ao esperado e criaram tensões maiores com a Igreja Ortodoxa Russa.
De acordo com a agência de notícias Reuters, as tensões recomeçaram quando líderes ortodoxos acusaram as igrejas Católicas Grega e Ucraniana, alinhadas ao Vaticano, de tentar tomar de volta alguns templos e de afastar fiéis do Patriarcado Ortodoxo de Moscou. Porém, a Igreja ucraniana e o Vaticano sempre negaram as acusações.
Esse é um dos obstáculos que tornam difíceis as relações entre a Igreja Católica Apostólica Romana, liderada pelo papa Francisco, e a Igreja Ortodoxa Russa, liderada pelo patriarca Cirilo de Moscou.
“As mudanças em 1989 não foram vantajosas para as relações ecumênicas”, disse Koch à Rádio Vaticano. “As igrejas Católicas do Oriente proibidas por Stalin ressurgiram, especialmente na Ucrânia e na Romênia, e dos ortodoxos veio a antiga acusação sobre Uniate e proselitismo”, acrescentou o cardeal, usando o termo “uniate” para se referir às igrejas do Oriente com liturgias ortodoxas que reconhecem o papa como líder espiritual.
Em breve, o papa Francisco se encontrará com o patriarca Bartolomeu, líder da Igreja Ortodoxa na Grécia, com o fim de intermediar uma aproximação com os ortodoxos russos. “Sempre há recuos, mas estou confiante de que podemos fazer mais progressos”, pontuou o cardeal Koch.
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