A escritora e apresentadora Cristiane Cardoso, filha do bispo Edir Macedo, tem revisado os capítulos da novela Os Dez Mandamentos para evitar que qualquer mudança feita baseada no princípio de liberdade artística pela autora Vivian de Oliveira cause contradições com a doutrina da Igreja Universal do Reino de Deus.

O serviço de revisão feito por Cristiane Cardoso estaria sendo mantido em sigilo pela TV Record, e poucas pessoas da produção da “novela bíblica” teriam conhecimento do fato, segundo informações publicadas pelo jornalista Daniel Castro, no site Notícias da TV.

As atribuições de Cristiane, esposa do bispo Renato Cardoso, seriam a correção de diálogos, veto a algumas falas e mudanças de cenas. “Segundo uma alta fonte na Record, Cristiane Macedo funciona como ‘controle de qualidade’ e autora oculta de Os Dez Mandamentos […] Ela corrige passagens bíblicas, corta falas e sugere diálogos. Também interfere na edição final dos capítulos […] Cristiane, no entanto, não aparece, e pouquíssimas pessoas sabem de seu trabalho. Suas intervenções são creditadas ao bispo Marcelo Silva”, escreveu Castro.

Cristiane já havia desempenhado função semelhante durante a produção da minissérie Milagres de Jesus, e era tratada como uma “censora interna” da emissora, já que os trabalhos de filmagem do programa eram feitos por uma produtora terceirizada no começo.

“Nenhum roteiro segue para gravação sem antes passar por uma atenta revisão de Cristiane. Prontos, os dois primeiros capítulos da produção também passaram pela aprovação dela antes de irem ao ar, nesta semana”, acrescentou o jornalista.

Ao custo de R$ 700 mil por capítulo, Os Dez Mandamentos estreou essa semana com bons índices de audiência, colocando a Record na vice-liderança do horário nobre.

A autora Vivian de Oliveira concedeu entrevista recentemente e afirmou que acrescentou personagens e cenas à narrativa bíblica porque tratava-se de “uma novela, não um documentário”, mas ressaltou que contava com o trabalho de uma equipe de pesquisa e historiadores para evitar que o texto fugisse demais da realidade.