O presidente Fidel Castro oferecerá facilidades às igrejas evangélicas para a construção de novos templos e para o desenvolvimento de sua missão pastoral, disse o secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Samuel Kobia, que se reuniu, na quarta-feira, 3, com o líder cubano.
Na entrevista com Castro, Kobia tratou de diversos temas, em especial as relações Estado-Igreja na ilha e o desafio que o crescimento das igrejas evangélicas cubanas representa nos últimos anos.
Segundo o líder religioso, Castro reagiu positivamente diante do pedido de permitir a construção de novos templos e respondeu que seu governo não tem nenhuma limitação ao crescimento das igrejas e que apóia essas construções.
Kobia fez declarações à imprensa na quinta-feira, no aeroporto José Martí, de Havana, ao término de uma visita pastoral de quatro dias às igrejas cubanas, a primeira que realiza desde que assumiu o cargo em 2004.
O líder ecumênico destacou com especial ênfase a preocupação do CMI pelo bloqueio econômico que os Estados Unidos impõem a Cuba. O CMI se opõe enfaticamente ao bloqueio, disse, e pediu para que ele seja levantado imediatamente, sob o argumento de uma perspectiva humanitária e ética.
O visitante frisou que as novas medidas tomadas pelo presidente George Walker Bush, dos Estados Unidos, agregam outras limitações ao bloqueio, como a restrição do número de visitas dos familiares de cubanos que residem na América do Norte.
O secretário geral ratificou a condenação do CMI contra o terrorismo, mas advertiu que enquanto ele não for assumido em sua totalidade não será possível apagá-lo do mapa mundial.
O pastor metodista natural do Quênia deplorou que muitas vezes se fale de terrorismo de uma maneira seletiva, quando se trata de alguns países e isso não é suficiente. Temos que responder aos desafios propostos pelo terrorismo em qualquer manifestação que tenha, pontuou, incluindo os atos terroristas contra Cuba.
Afirmou que o fenômeno da violência afeta todas as sociedades no mundo, na forma de violência doméstica, violência nas cidades, incluindo também a violência social, econômica e contra o meio ambiente.
Vivemos num mundo quebrado, fraturado. Visitei todas as regiões do mundo e há um grande sentimento de insatisfação e insegurança por parte de todas as pessoas, indicou Kobia.
Ele anunciou que na próxima Assembléia Geral do CMI, agendada para fevereiro de 2006, em Porto Alegre, será tratado o tema da violência e especificamente o da justiça econômica, com ênfase na globalização econômica e seus impactos nas populações.
Kobia assegurou que o mundo precisa hoje, mais do que nunca, de paz e estimou que chegou o momento do trabalho conjunto entre as igrejas cristãs e outras organizações religiosas. Disse que por isso o CMI está empenhado no diálogo inter-religioso em temas de paz e reconciliação.
Advertiu que é urgente estabelecer alianças entre as igrejas e os governos com as organizações sociais, a fim de responder aos desafios que a paz demanda, porque temos uma dívida com as gerações futuras, de transmitir-lhes um mundo mais pacífico, mais reconciliado e mais participativo que o mundo em que vivemos hoje, concluiu.
Durante sua estada em Cuba, Kobia pregou nas igrejas presbiteriana e metodista, e encontrou-se com o cardeal Jaime Ortega, com líderes do Conselho de Igrejas de Cuba e com autoridades do governo. Seu giro pela ilha também incluiu a visita a universidades, centros hospitalares e ao Seminário Evangélico de Matanzas.
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