Quando adolescente, Zachariah Anani foi treinado para matar cristãos e judeus, enquanto Beirute se dissolvia no caos da guerra civil. Antes de completar 17 anos, seus companheiros de guerrilha creditavam a ele 223 mortes - a maioria contra milicianos rivais. Então um missionário testemunhou para ele nas ruas sobre aquele que podia remover a culpa de sangue que encharcava suas mãos. Ele ouviu desejoso o suficiente para baixar suas armas para sempre.
"Minha vida e a vida dos outros não significavam nada para mim", conta Zachariah Anani, hoje diretor de evangelismo do Ministério Internacional Milhões para Milhões.
Sua família muçulmana sunita queria que Zachariah seguisse a tradição começada por seu avô e se tornasse um imame. "Freqüentei a escola islâmica desde os três anos", ele recorda. Quando ele começou a treinar para ser um guerrilheiro islâmico, aos 13 anos, sua família se alegrou. "De acordo com a doutrina islâmica, apenas um soldado que morre no campo de batalha tem o direito de alcançar o céu, e sua família tem de ser protegida e respeitada".
No início da década de 1970, muitas pequenas gangues islâmicas ou "segmentos" operavam em Beirute, apoiadas pela Organização para Libertação da Palestina. Com o tempo, esses grupos menores se tornaram parte do Hezbollah, do Hamas ou de outros grupos jihadistas. "Eu fui armado, treinado e enviado para matar judeus e cristãos, e, claro, americanos", diz Zachariah. Ele recebia um ponto toda vez que matava alguém - desde que fosse testemunhado por outros dois lutadores. "Eu tinha 223 pontos", afirma. "Eu achava que seria morto antes que completasse 18 ou 19 anos."
"Vida nova, esperança e salvação"
Certo dia, enquanto Zacharia vagava pelas ruas de Beirute, ele se deparou com um missionário da Operação Mobilização que pregava em uma esquina. "Eu estava passando ao largo quando esse homem disse: 'Jesus Cristo dará a você vida nova, esperança e salvação'." As palavras prenderam sua atenção e ele parou para ouvir e conversar.
Mais tarde ele foi visitar o missionário em sua casa. Era a primeira vez que Zachariah via uma Bíblia. O missionário abriu as Escrituras nas palavras de Jesus registradas em Mateus 11.28: "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso".
"Aquilo penetrou, de verdade, meu coração", conta Zachariah. "Eu entreguei minha vida e minha alma a Jesus Cristo. E isso deu início a uma mudança em minha vida".
A primeira reação de Zachariah foi dividir a alegria de sua conversão com sua família muçulmana. "No dia seguinte, fui e contei aos mais pais e a todo mundo. Eu não ocultei minha fé".
Quando a notícia da tremenda mudança de Zachariah se espalhou, os líderes religiosos muçulmanos de Beirute ordenaram um julgamento sob acusação de apostasia. Zachariah estava enroscado na tradição islâmica que decreta: "Aquele que adota qualquer outra religião será executado".
"Fui julgado na mesquita próxima à minha casa", relembra. Eles sentenciaram Zachariah à morte caso ele não abandonasse sua nova fé e retornasse como um muçulmano dentro de três dias. Enquanto eles pronunciavam a sentença, Zachariah simplesmente deu de ombros, como se dissesse: "Não me importo".
Dezoito atentados
Depois de três dias, seu pai contratou três assassinos curdos para matá-lo. "Aconteceram 18 atentados contra minha vida", ele observa. "Meu pai disse recentemente que a última que ele quer fazer para aproximá-lo de Deus é me matar".
Em um dos atentados, Zachariah escapou por pouco de agressores que o cercaram nas ruas de Beirute. "Eles me esfaquearam - fizeram um corte profundo no meu pescoço", recorda Zachariah. "Na tradição islâmica, eles têm de cortar minha garganta, e não me envenenar ou atirar em mim, embora isso tenha sido tentado também", ele diz. "Na ocasião eu fui levado ao hospital e dado como clinicamente morto". Enquanto seus sinais vitais desapareciam, um médico persistia em reanimá-lo.
Milagrosamente, Zacharia sobreviveu ao ataque - assim como a muitos outros. "Parece que o Senhor não quer me levar com Ele ainda", ele diz. "Quando Deus tem suas mãos sobre você, nada pode acontecer".
Desde que deixou o Líbano em 1996, Zachariah continua como uma testemunha destemida de sua fé. "Ele não se intimida em pregar", diz Mansa Musa, fundador do Milhões para Milhões. "Seu testemunho é extremamente poderoso. Eu o chamo de Paulo dos dias atuais".
Zachariah fala abertamente nos Estados Unidos e no Canadá e ministra seminários e palestras voltados para o testemunho aos muçulmanos. "Ele tem sofrido ataques nos Estados Unidos", observa Mansa Musa. "Ele teve um carro queimado em Michigan - as pessoas acreditam que estão fazendo um favor a Alá."
O ex-guerrilheiro de Beirute continua a se maravilhar com as mudanças que Deus fez em sua vida. "Quando olho para trás, fico triste com o que fui forçado a fazer quando era garoto", diz Zachariah. "Agora, em Cristo, eu sou uma nova criatura e estou coberto por seu sangue - louvado seja o Senhor por isso!"
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