WASHINGTON- O reverendo Jeremiah Wright, ex-pastor de Barack Obama, criticou na segunda-feira, em um evento no qual assumiu por diversas vezes uma postura agressiva, os meios de comunicação acusando-os de reproduzirem de forma sensacionalista as declarações dele.
Mas o pastor de Chicago defendeu seus sermões inflamados que vêm perseguindo a campanha de Obama, pré-candidato do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos, desde que ganharam destaque, em março.
“Alguém não pode expor outras pessoas ao terrorismo e não esperar que isso se volte contra esse alguém”, afirmou Wright no National Press Club quando questionado sobre o sermão no qual defendeu a idéia de que os ataques de 11 de setembro de 2001 haviam sido uma retaliação à política externa dos EUA.
Confrontado a respeito de um outro sermão no qual sugeriu que o governo norte-americano havia criado o vírus da Aids para matar os negros, Wright também reafirmou sua opinião.
“Com base no que aconteceu aos africanos neste país, eu acredito que o nosso governo é capaz de fazer qualquer coisa”, disse.
Obama, que disputa com a também pré-candidata Hillary Clinton o direito de enfrentar o republicano John McCain nas eleições presidenciais de novembro, começou a frequentar a Igreja da Trindade Unida de Cristo, de Wright, 20 anos atrás.
O pré-candidato, porém, distanciou-se dos sermões do pastor e criticou algumas das teses dele, consideradas por muitos eleitores antipatrióticas.
“Os cidadãos que falam essas coisas nunca ouviram meus sermões”, disse Wright. “Eu fiquei seis anos nas Forças Armadas. Isso me torna uma pessoa patriótica? Quantos anos Cheney serviu nas Forças Armadas?”
O vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, um dos planejadores da guerra no Iraque, conseguiu manter-se afastado do serviço militar durante a Guerra do Vietnã a fim de estudar.
Questionado sobre uma frase sua – “Deus abençoa a América? Não, Deus amaldiçoa a América” – bastante divulgada na Internet, Wright respondeu que citava uma autoridade iraquiana.
“Deus amaldiçoa algumas práticas dos EUA e não há desculpa para algumas das coisas que o governo, e não o povo norte-americano, fez. Isso não faz com que eu desgoste dos EUA ou que seja antipatriota”, disse.
Wright, 66, afirmou que a cobertura da mídia a respeito de seus sermões mostrava uma fundamental incompreensão quanto às tradições religiosas negras nos EUA, que envolviam centenas de anos de escravidão e repressão.
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