Se maio de 2007 ficará marcado para os católicos com a primeira visita do papa Bento 16 ao Brasil, o mês de julho deve ser a época da reação dos evangélicos locais, aproveitando para conquistar novos fiéis no Rio durante os Jogos Pan-Americanos.
O cronograma de atividades não inclui apenas cultos e orações como fez o papa em sua passagem brasileira. Igrejas mais tradicionais, como a Adventista do Sétimo Dia e a Batista, e outras menos, como a Igreja Filhos do Trovão, compõe as lideranças de projetos que farão a promoção de suas crenças com ações e manifestações esportivas e artísticas com foco na evangelização durante o período das disputas.
Os projetos “Evangelize no Pan”, “Mais que Ouro” e o “Impacto Rio” prometem ações variadas. O primeiro, liderado por Angelo Oliver (da Igreja Filhos do Trovão) e Sydney Saradão (da Batista), tem até comunidade em site de relacionamento e camisetas para promover o evento. As outras vão mais longe, desde a distribuição de folhetos, teatros, imãs de geladeira até doação de Bíblias com capas do Pan e práticas esportivas de cunho religiosos.
Tudo com um propósito bem definido: “Queremos aproveitar que o Pan deve receber 500 mil turistas e levar uma mensagem de saúde, uma mensagem de vida saudável e vida de paz”, diz o pastor Otimar Gonçalves, coordenador do “Impacto Rio”, movimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que tem um slogan sugestivo com o propósito e o tema das ações: “Um vencedor a cada dia”.
O pastor Gonçalves extrapola nos números da mobilização. “Nós vamos trazer para o Rio 4.000 universitários e pré-universitários de oitos países da América do Sul: Equador, Paraguai, Bolívia, Peru, Chile, Uruguai, Argentina e Brasil”, conta.
Além das estatísticas ousadas, as propostas dos adventistas imitam até a eterna busca de recordes dos esportistas. “Nós pedimos ao prefeito César Maia para liberar o calçadão de Copacabana para fazer uma ação que estamos tentando entrar no Guinness Book. Queremos escrever a Bíblia toda em menos de 15 minutos. Todos os capítulos e versículos. Estamos chamando de a `Maratona Bíblica´ e contamos com todos para isto – evangélicos ou não”, descreve o pastor.
Nessa maratona manuscrita, diferente dos 42 km que Vanderlei Cordeiro de Lima irá praticar no Pan com seus tênis, serão escritas com canetas doadas para cada pessoa. A previsão é que tudo aconteça no Monumento dos Pracinhas, no Aterro do Flamengo, depois que a prefeitura negou o calçadão para os evangélicos.
O pastor Gonçalves quer atletas para a “Maratona Bíblica”. Juliana Veloso, do saltos ornamentais, e Sebastian Cuatrin, da canoagem, estão ajudando na promoção dos eventos dos Atletas de Cristo. O site do movimento, que é famoso pela quantidade de jogadores de futebol integrantes, busca ainda mais esportistas classificados aos Jogos.
Os Atletas de Cristos se uniram ao movimento “Mais que Ouro”, famosos internacionalmente por manifestações em Olimpíadas e Copa do Mundo. Os dois pretendem evangelizar com folhetos e até com distribuição de águas geladas nos arredores das instalações esportivas (assim como fazem os organizadores do evento para os atletas) com dizeres que “que envolvam o esporte e o evangelismo”, como diz o pastor Jonson Tadeu.
PAN, ROCK E BÍBLIA
Atuações de evangélicos em grandes eventos para a promoção de suas igrejas não é novidade do Pan. No Rock in Rio 3, evento grandioso de shows musicais em 2001, o líder Angelo Oliver, do “Evangelize no Pan”, afirmou que tentou um processo semelhante. O resultado, porém, não agradou.
“No Rock in Rio, tinha muita doidão usando droga e a gente indicava casa de recuperação. Mas a sociedade não sabe o que aconteceu lá. Muita gente morreu de overdode. Era sexo explícito em todo lugar”, contou desanimado sobre a festividade na Cidade do Rock, palco no Pan do beisebol e softbol. Nos Jogos do Rio, a expectavia é outra: “O Pan é uma outra conotação. Esporte é saudável”.
Já o pastor Otimar Gonçalves, do “Impacto Rio”, também lembra de experiências passadas em grandes eventos esportivos. “Lembro da atuação em Sydney. É muito bom o resultado. A gente faz uma parceria com as pessoas. Canta, ora e distribui folheto”, disse.
Um dos organizadores do movimento “Mais que Ouro” e membro do Atletas de Cristo, o pastor Jonson ressalta a principal função do seu movimento: “O objetivo é treinar pessoas que estão envolvidas no esporte para aproveitar este envolvimento. Elevar a amizade na prática esportiva e fugir do que é agora, muito pautado nos negócios e na performance”.
As praças esportivas do Pan, aliás, são um alvo das ações. Além de panfletos, os evangélicos querem distribuir imãs de geladeiras e Bíblias. Mas também pensam em manifestações dentro dos estádios e ginásios. “Vamos estar vestidos com camisa do evento. Cinco pessoas juntas. Vamos fazer painéis humanos nas torcidas. Vai também estar em inglês. Porém, não vamos trabalhar na imposição, vamos trabalhar na forma passiva”, conta Oliver, que assim como o pastor Gonçalves, tem o seu tema: “Mais que vencedor, siga Jesus”.
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