SÃO PAULO – Há jovens brasileiros castos, que não “ficam” com várias pessoas, casam-se “para sempre” e são radicalmente contra o aborto. Por ironia, não se tratam de seguidores do Papa Bento XVI, que, em visita ao país, exigiu dos fiéis postura firme em relação aos valores morais da Igreja. São jovens evangélicos que optaram por vida de privação, mas com o coração aberto.
– A virgindade não é imposta. Para mim, a castidade não é pesada porque optei por ela. Quero, de fato, transar com aquela que Deus escolheu para mim – afirmou Leonardo Bertolazzi, de 23 anos, líder jovem da Igreja Evangélica Comunhão Cristã.
Ele namora há um ano com Larissa Ribeiro, de 18 anos, freqüentadora do mesmo grupo.
– É uma transformação que vem de dentro para fora. Se quero, se aceito, se entendo, se gosto do conceito da virgindade, fica fácil me manter virgem até o casamento – completou Larissa.
Para Débora Canova e Nádia Ramos, ambas com 18 anos, o relacionamento entre o padre e a juventude na igreja cristã é mais distante se comparado com o da igreja evangélica.
– Assim, quando se fala sobre qualquer tema, inclusive a virgindade, não soa como imposição – explicaram.
– Não há a figura de um Papa, que fica ali, inacessível. Sou o líder jovem e também ouço conselhos dos meus amigos de igreja – explicou Leonardo.
Os jovens dizem que, nas pregações, há explicações e debates.
– Fica fácil entender por que é melhor se guardar para o marido. Esses temas são discutidos como em uma roda de amigos. O segredo é a abordagem da Bíblia – conclui Larissa, virgem como Débora, Nádia e Leonardo.
Uma igreja para cada perfil de fiel
Entre as igrejas evangélicas mais tradicionais estão a Congregação Cristã do Brasil, a Assembléia de Deus e a Deus é Amor. –
– Não é à toa que o Papa veio para cá. Perde 1% de seus fiéis para as igrejas evangélicas por ano – analisa o pastor Sandro Vieira, de 32 anos, da denominação Deus é Amor.
– Aqui todo mundo segue a castidade, se não, muda de igreja. Mas dentro das evangélicas, há outras igrejas que abraçam os fiéis que não seguem. No catolicismo, não. É seguidor ou não é nada – disse.
Beatriz Dourado, de 13 anos, freqüenta a igreja Congregação desde os três anos.
– Vou casar virgem e gosto da minha opção. É tradição de família. Vem da minha avó essa opção pela Congregação – disse.
Na opinião de Rosa Dourado, de 42 anos, mãe de Beatriz, os jovens católicos não são seguidores da castidade.
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