Um manifestante evangélico, que apoia a presença do deputado e pastor Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), foi detido da tarde dessa quarta feira (03) durante uma reunião da comissão, que aprovou a realização de uma diligência em Oruro, na Bolívia, onde estão detidos torcedores do Corinthians suspeitos de terem causado a morte de um jovem boliviano durante um jogo da Libertadores.
O evangélico Élder Martins da Silva foi levado à Polícia Legislativa da Câmara por ter empurrado uma jornalista, ao tentar ocupar espaço em frente ao plenário onde acontecia a reunião, que teve o acesso proibido aos manifestantes.
De acordo com o G1, a proibição foi determinada pelo presidente em exercício da Câmara, André Vargas (PT-PR), atendendo a um pedido de Marco Feliciano. A assessoria do deputado informou que o objetivo da medida é “evitar tumulto”, como vem ocorrendo nas últimas reuniões. O requerimento aprovado por Vargas limita o acesso às reuniões do colegiado a parlamentares, servidores e imprensa.
De acordo com a Agência Câmara, apesar de ter aprovado a restrição, André Vargas afirma que o deputado Feliciano deveria repensar seu posicionamento, e que as reuniões na comissão tendem a ter um clima desfavorável ainda maior já que “o movimento na sociedade não vai parar”.
– Ele próprio deveria perceber aquilo que todos nós já percebemos: que não é possível conduzir os trabalhos nas condições políticas e administrativas colocadas para ele, nesse momento histórico da sua vida e da sua militância política – afirmou Vargas.
A restrição causou revolta nos manifestante, sobretudo naqueles que pedem pela saída do deputado da Comissão. Impedidos de entrar na reunião, um grupo de ativistas tentou invadir o Plenário, mas foram impedidos pelos seguranças. O clima foi de muita tensão, com intensas discussões e alguns momentos de “empurra empurra”.
O presidente da Associação Brasileira GLT, Toni Reis, estava entre os manifestantes impedidos de entrar na reunião, e afirmou que a CDHM não pode se fechar justamente aqueles que pretende defender. Carregando um regimento da Câmara, Reis argumentava que fechar as reuniões fere o estatuto da Casa.
– A comissão de minoria deveria ter recebido as minorias para discutir e, infelizmente, hoje está fechado. Hoje são os negros, os homossexuais, mas vai vir a questão das mulheres. Não é nada contra os evangélicos, é contra o Marco Feliciano – afirmou a ativista gay.
A vice-presidente da CDHM, a deputada Antônia Lúcia (PSC-AC), também comentou a proibição da presença de manifestantes durante as reuniões da Comissão. A deputada, que já ameaçou deixar o cargo, criticou Feliciano afirmando que o colega de partido tem se comportado como se fosse o “dono” da comissão.
– Se fosse eu, não faria isso não. O clima está muito pesado. Além disso, essa decisão não é regimental. A comissão está como se tivesse um dono. Todos nós temos sofrido com tudo isso – afirmou a deputada, ao G1.
Alvo de grande pressão para deixar o cargo, Marco Feliciano disse que irá comparecer, na próxima semana, à reunião agendada por líderes da Casa com o objetivo de discutir a permanência dele no cargo. Porém, ele ressaltou que não vai acatar um eventual pedido dos líderes para que ele deixe a presidência da comissão.
– Desde que não for para renunciar, estarei [sensível a algum pedido dos líderes] – ressaltou Feliciano ao final da sessão desta quarta da comissão.
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