O Governo dos Estados Unidos tirou a China do grupo dos maiores violadores dos direitos humanos no mundo, mas manteve países como Irã, Coréia do Norte e Mianmar na lista, além de criticar duramente a corrupção na Rússia. Essa é a essência do relatório anual sobre a situação dos direitos humanos em mais de 190 países em 2007, divulgado essa semana pelo Departamento de Estado norte-americano.
O relatório assegura que em alguns países o poder está concentrado em dirigentes que "não prestam contas", como Coréia do Norte, Mianmar, Irã, entre outros e critica a corrupção na Rússia e a violência sectária no Iraque.
Durante uma entrevista coletiva, na terça-feira, o subsecretário de Estado para Direitos Humanos, Jonathan Farrar, não explicou por que a China, anfitriã dos Jogos Olímpicos de agosto deste ano, foi excluída da lista negra, mas destacou que o país teve "um pobre histórico em direitos humanos" no ano passado (leia sobre a ameaça feita aos atletas olímpicos) .
O relatório denuncia os fortes controles à liberdade de culto nas áreas do Tibet e na região autônoma de Xinjiang. E afirma que o governo chinês continua a "monitorar, assediar e prender ativistas, escritores, jornalistas e advogados de defesa e suas famílias, muitos dos quais tentam exercer seus direitos dentro da lei" ( leia sobre a detenção em massa de 270 cristãos).
Repórteres sem Fronteiras contesta
A organização não-governamental (ONG) Repórteres sem Fronteiras disse que a decisão americana "representa uma derrota para organizações de direitos humanos" que estão tentando exercer pressão sobre o governo chinês no ano em que o país sediará os Jogos Olímpicos.
"A situação na China não é, claro, comparável com a da Coréia do Norte ou a da Eritréia, mas a decisão de Washington acontece no pior momento possível, justamente quando a situação está piorando, pouco antes da abertura da Olimpíada", afirmou a representação americana Repórteres sem Fronteiras.
Outros países
O Departamento de Estado criticou com dureza a centralização do poder do Executivo e a corrupção na Rússia. O relatório destacou o assédio às ONGs, as restrições à oposição e aos meios de comunicação e a impunidade em vários assassinatos de jornalistas.
No Iraque, a violência sectária e étnica e a débil gestão do governo contribuíram para a extensão da violação dos direitos humanos e um alto número de refugiados e deslocados internos, segundo a análise.
No Irã, os direitos à liberdade de expressão foram violados, e a repressão a dissidentes, jornalistas, ativistas trabalhistas e defensores dos direitos da mulher cresceu. As forças de ordem locais recorreram às detenções arbitrárias, à tortura, ao uso excessivo da força, entre outras violações, ressaltou o Departamento de Estado americano.
Brasil
Em relação ao Brasil, a violência das forças de segurança, tanto nas ruas das cidades como nas prisões, é considerado um dos maiores problemas referentes aos direitos humanos. "O governo ou seus agentes não cometeram assassinatos com motivação política, mas as mortes ilegais por parte de policiais estaduais (militares e civis) foram generalizadas", destaca o relatório.
O documento também destaca que "a violência doméstica continuou sendo generalizada", com 39.416 casos registrados em todo o país em 2006. Porém, o texto reconhece que o total assinalado é só uma fração dos números reais.
Em relação à situação da infância, "milhões de crianças sofreram com a pobreza que afligiu suas famílias, trabalharam para sobreviver e não conseguiram receber educação". “O abuso infantil também "foi um grande problema" durante 2007.
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