Estudantes muçulmanos do Colégio Federal de Educação da Nigéria da cidade de Yola, no norte, incendiaram a casa do reitor da escola, um cristão, no dia 16 de janeiro. Fontes do colégio dizem que o ataque ao reitor, Dr. John Abubakar Yusufu, foi uma clara tentativa de matá-lo. Não tendo conseguido, os agressores muçulmanos voltaram-se contra os alunos e professores cristãos. Várias vítimas foram hospitalizadas com ferimentos e centenas de outros fugiram da cidade.
Nos últimos três anos, o Colégio Federal tem vivido conflitos religiosos entre alunos e professores muçulmanos e seus colegas cristãos. A Sra. Grace Yakubu, uma professora do Colégio Federal, disse a Portas Abertas: Não confiamos mais em continuar com as atividades de ensino e aprendizado aqui. Somos forçados a dormir com os olhos abertos, porque estudantes muçulmanos fanáticos podem nos atacar a qualquer momento. Nós acreditamos que os estudantes muçulmanos estejam sob a influência de alguns líderes muçulmanos do país.
Estudantes muçulmanos supostamente atacaram a casa do reitor Dr. Yusufu para protestar contra a falta de água na instituição. Entretanto, a Sra. Yakubu disse que o problema da água é crônico, anterior ao mandato do Dr. Yusufu como reitor.
Se foi a falta de água a causa do incêndio da residência do reitor, por que professores e alunos cristãos foram também atingidos por esta agressão? perguntou James Tukurah, outro professor.
Quando fomos atacados há três anos por alunos muçulmanos e outros fanáticos muçulmanos da cidade, foi porque alunos cristãos foram eleitos como líderes dos estudantes do colégio, acrescentou Tukurah. Hoje, é porque um cristão é reitor desta instituição. Assim, a questão da falta de água que está sendo usada como desculpa para a agressão é apenas uma cortina de fumaça.
O professor do colégio, Mallam Usman Abubakar, que é muçulmano, disse a Portas Abertas que não é toda a comunidade muçulmana que vem criando problemas para a instituição.
Ninguém está feliz com este trágico acontecimento no colégio, disse Abubakar. É apenas alguns poucos muçulmanos por razões que somente eles conhecem que se tornaram impedimentos ao avanço educacional deste colégio.
O nosso desejo é de coexistir com nossos colegas cristãos pacificamente. Mas, quando se olha para o que está acontecendo no país, nota-se que o problema que se nos defronta não é uma questão isolada. Ele se insere no contexto do uso da religião na Nigéria pelos políticos.
O violento incidente apressou as autoridades em suspender as aulas no Colégio Federal e nomear uma comissão para investigar as causas dos incessantes conflitos entre os adeptos das duas crenças.
Entretanto, os líderes cristãos de Yola, capital do Estado de Adamawa, acreditam que o grupo de investigação não irá tratar adequadamente as questões subjacentes ao conflito porque seus membros são todos muçulmanos.
É tolice confiar na composição da comissão, já que os cristãos não estão representados nela, disse a Portas Abertas o Rev. Philip Faruk, presidente do capítulo estadual de Adamawa da Associação Cristã da Nigéria (ACN). Faruk disse que a ACN não aceitará o seu relatório.
A nossa opinião é que nada de bom sairá de qualquer decisão a que esse grupo chegar, disse Faruk, acrescentando que ele acredita que a ação de destina a encobrir os desmandos de políticos muçulmanos do norte da Nigéria que têm como objetivo coagir os cristãos a se submeterem ao imperialismo muçulmano.
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