Às 10 da manhã de um domingo nublado, quatro visitantes sul-coreanos, incluindo o pastor Lee Young-il, atravessam o corredor de uma igreja, onde cerca de 300 pessoas já ocupam seus lugares.
Lee olha ao redor para satisfazer a sua curiosidade. Não há nada de especial. O salão retangular tem um crucifixo, um piano, um órgão, sete aquecedores, três luminárias de cristal no teto e uma sacola de contribuição pendurada em uma haste de madeira.
O culto começa depois de quatro convidados encontrarem lugares perto do altar. Minutos mais tarde, entretanto, Lee subitamente reconhece algo muito estranho: não há nenhum jovem na igreja.
Naquele momento, Lee se lembra de que ele está visitando um culto dominical na capital da Coréia do Norte.
"Foi a Igreja Pongsu", Lee, 64 anos, disse durante uma entrevista ao "The Korea Times", em sua igreja em Berlim. "Não encontrei nenhum jovem. Até o coral, composto por cerca de 30 pessoas, parecia que só tinha pessoas com cerca de 40 anos".
Lee, então presidente da Confederação Evangelista da Coréia na Alemanha, visitou Pyongyang junto com outros três coreanos e cinco alemães - todos oficiais de igreja - a convite da Federação Cristã Norte-Coreana (KFC), a qual foi estabelecida em novembro de 1946.
"Perguntei por que não havia nenhum jovem entre os presentes. Disseram que era porque os meninos e as meninas tinham muitas outras coisas para aproveitarem, tais como futebol e música nos fins de semana", Lee disse. "Por ser um cristão, foi muito difícil entender a resposta".
Sua viagem de cinco dias, a primeira desse tipo para cristãos sul-coreanos que vivem na Alemanha, deveria terminar em um sábado. Mas os quatro coreanos puderam assistir aos cultos de domingo, já que o regime comunista aceitou seus pedidos de ficarem em Pyongyang três dias mais que os alemães, Lee disse.
O regime Pyongyang deve ter desejado deixá-los saber que a Coréia do Norte, onde vivem cerca de 22 milhões de pessoas, também é um país normal, no qual as pessoas têm liberdade religiosa. Lee citou Kang Yong-sop, líder da KFC, que dizia que a Coréia do Norte tem cerca de 12.000 cristãos, 30 pastores, duas igrejas - Pongsu e Chilgol em Pyongyang - e mais de 500 "igrejas domésticas" através do país.
Quando Lee e outras oito pessoas fizeram uma visita pré-arranjada para uma casa que os norte-coreanos chamam de "igreja doméstica", no distrito de Rakrang em Pyongyang, em um fim de semana, ele encontrou 10 pessoas - três homens e sete mulheres - mostrando como eles conduziam seu próprio culto. "Mais uma vez eles tinham quarenta anos ou mais", Lee disse.
"Um missionário estava presidindo a reunião e eles cantaram um hino no acordeão", Lee disse. "Do missionário, eu ouvi que muitas pessoas que não podem ir às igrejas se encontram na casa de alguém para oferecer um culto, como o que fazem a cada domingo. Mas eu ainda sentia que havia algo exagerado".
Para explicar esse sentimento, Lee mencionou seus encontros com Kwon Kyong-hui, um estudante de 12 anos de idade, no Palácio da Juventude Mankyongdae em Pyongyang, e com Chang Kum-suk, uma garçonete de 18 anos do Hotel Potonggang em Pyongyang, onde ele ficou por oito dias.
"Eu lhes perguntei se já tinham ouvido falar sobre igreja e eles disseram que não", Lee disse. "Apenas uma vez eu encontrei uma pessoa que disse estar ciente da prática cristã. Era um barbeiro do hotel, tinha 48 anos de idade. Essa era a realidade. Os jovens nem sabem o que é uma igreja. E as pessoas mais velhas apenas se lembram dela porque podem ter ouvido falar sobre ela quando eram jovens".
Um dia antes de sua partida para a Alemanha, Lee visitou um museu em Sinchon, a duas horas de Pyongyang, onde chegou mais perto do motivo porque o "berço" do cristianismo na Península Coreana havia sido transformado em uma devastação religiosa.
"O museu foi construído para mostrar às pessoas quão cruéis os soldados americanos haviam sido durante a Guerra Coreana", Lee disse. "Em uma sala, podemos ver fotos de missionários americanos como o reverendo H. G. Appenzeller e H. G. Underwood (ambos foram à Coréia em 1885). Um guia turístico disse que todos eles eram espiões americanos. Para os norte-coreanos, os missionários americanos são considerados criminosos, inimigos e imperialistas".
Apesar da situação religiosa alarmante na Coréia do Norte, Lee inesperadamente disse achar que os "cristãos" que ele conheceu em Pyongyang "acreditam" em Deus, porque suas orações eram "bastante sinceras".
"Eu posso definitivamente dizer, como pastor, que as pessoas não podem fingir ser piedosas", ele disse. "Quando fomos à Igreja Chilgol, em um dia de semana, pudemos conhecer uma presbítera. Eu pude sentir sua honestidade através de suas orações. Ela clamava aos céus pela reunificação da Península. Eu tive a mesma sensação na Igreja Pongsu também".
Lee concorda que o status do falecido Kim Il-sung, o pai fundador da Coréia do Norte, e de seu filho, Kim Jong-il, líder atual do país isolado, elevaram-se ambos de uma figura política ao nível de ícone religioso.
Lee disse que o conteúdo da oração que ele ouviu na Coréia do Norte era bastante similar aos da Coréia do Sul. "Não havia nada louvando Kim Il-sung ou Kim Jong-il", afirmou. Ele acrescentou que não havia nenhum retrato de Kim dentro das igrejas, incluindo na "igreja doméstica".
"A Bíblia no Norte não era diferente também", Lee disse. "As duas Coréias estão usando Bíblias que se originam da mesma versão traduzida por missionários ocidentais, antes da divisão da Península (em 1945). Até onde eu sei, as Bíblias são basicamente as mesmas".
"Muitas pessoas definem a Coréia do Norte como uma terra sem religião", Lee disse. "Mas eu acho que há esperança para a Coréia do Norte, porque eles têm a Bíblia, hinários, igrejas e missionários. Isso é suficiente para um bom começo".
Em setembro do ano passado, o Departamento de Estado dos EUA disse em seu Relatório Internacional de Liberdade Religiosa de 2004 que a genuína liberdade religiosa não existe na Coréia do Norte. A reportagem citou desertores norte-coreanos que diziam que cristãos eram presos e torturados por lerem a Bíblia e falarem sobre Deus.
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