Uma nova análise sobre o papiro chamado “evangelho da esposa de Jesus” determinou que provavelmente o documento trata-se de uma falsificação. Escrito no idioma copta antigo, o papiro foi revelado ao mundo em setembro de 2012 pela pesquisadora Karen King, da Universidade de Harvard.
Uma análise prévia identificou que o “evangelho da esposa de Jesus” não havia sido produzido recentemente, o que foi entendido como uma evidência de que não teria sido falsificado. A data estimada para a confecção do documento está entre os séculos VII e IX.
No entanto, um novo especialista no idioma analisou o papiro e encontrou “semelhanças notáveis” entre uma falsificação do Evangelho de João e o chamado “evangelho da esposa de Jesus”, de acordo com informações do The Wall Street Journal.
Os erros de escrita e ortografia, e a caligrafia grosseira já haviam levantado as suspeitas dos especialistas, e foi a partir desses pontos que Christian Askeland, especialista em copta da Universidade de Wesleyan, chegou à conclusão de que possivelmente tratava-se de uma falsificação.
Em seus estudos sobre o tema, o pesquisador comparou o “evangelho da esposa de Jesus” com outro papiro antigo, achado em 1924, que seria uma reprodução do Evangelho de João mas foi provado ser uma farsa, e encontrou semelhanças significativas com o fragmento de papiro apresentado pela pesquisadora de Harvard.
“Há dois fatores que indicam imediatamente que é uma farsa”, disse Askeland. “Em primeiro lugar, as ações do trecho possuem as mesmas quebras de linha que a publicação de 1924. Em segundo lugar, o fragmento continha um dialeto peculiar de copta chamado Lycopolitan, que caiu em desuso durante ou antes do sexto século”, afirmou.
Esse detalhe coloca por terra a avaliação da pesquisadora Karen King, que havia alegado que seus estudos radiométricos apontavam para possibilidade de que “as plantas utilizadas como tinta neste fragmento de papiro haviam sido colhidas entre o sétimo e o nono século”.
Mark Goodacre, professor de Novo Testamento e especialista em copta da Universidade de Duke, este teste pode ser considerado definitivo. Já o pesquisador da Universidade de Hamburgo, Alin Suciu, disse que a evidência de que ele tratava-se de um fragmento falso é “esmagadora”.
No meio científico, os especialistas se mostram reticentes em colocar a reputação da pesquisadora Karen King sob suspeita, e afirmam que ela pode ter sido vítima de uma fraude elaborada ao longo de décadas.
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