As escolas cristãs no Paquistão, país de maioria islâmica, tem se estabelecido e alcançado sucesso a partir do apoio dos líderes muçulmanos das regiões onde estão instaladas. O caso raro de cooperação entre cristãos e muçulmanos tem trazido benefícios sociais ao país.
A Murree Christian School, construída a 7 mil metros de altitude, na base das montanhas do Himalaia, é um dos exemplos. Instalada no local desde 1956 por missionários anglicanos, a escola recebe alunos de 4 a 12 anos de idade.
Há 12 anos, foi alvo de um ataque terrorista, quando no dia 6 de agosto de 2002, quatro homens armados invadiram o local e mataram seis paquistaneses. Hoje, a escola não aparenta marcas do ataque, e faz um trabalho importante para a sociedade: além de educar, serve de ponto de contato e equilíbrio entre cristãos e muçulmanos.
“Nós amamos e respeitamos nossos professores cristãos… E eles a nós. Nunca duvidei que a harmonia e a cooperação entre grupos religiosos eram possíveis. Não apenas possível, mas também completamente normal”, diz Akbar Ahmed, uma das maiores autoridades sobre o Islã, professor de uma universidade americana e ex-embaixador do Paquistão no Reino Unido.
Segundo o Christian Headlines, Ahmed contou que ele se formou numa escola cristã semelhante à Murree, e que estas instituições tem feito bem ao Paquistão: “Um dos meus companheiros de classe tornou-se presidente do país”, disse ele, acrescentando que outros colegas de classe se tornaram generais ou líderes influentes.
“Foi sempre um paradoxo. O Paquistão é essencialmente um país muçulmano. Noventa e oito por cento do país é muçulmano, e ainda assim, no meu tempo, as escolas mais populosas eram as escolas cristãs”, disse ele, citando seu caso como exemplo.
O benefício da influência das escolas cristãs no Paquistão vai além da educação, segundo o professor Robert Woodberry, sociólogo que leciona na Universidade Nacional de Cingapura: “As áreas onde missionários protestantes tiveram uma presença significativa no passado são, em média, mais desenvolvidas economicamente hoje, com melhor saúde, menor mortalidade infantil, menor corrupção, maior alfabetização, maior escolaridade (especialmente para as mulheres), e participação mais robusta em organizações não-governamentais”, contextualizou, acrescentando que “mesmo em locais onde houve poucas pessoas convertidas, [os missionários] tiveram um impacto econômico e político profundo”.
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